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Meu palanque é aula de política, diz petista
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A BELÉM (PA)
"Uma aula de pós-graduação
em sociologia política." Foi assim que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiu ontem
o palanque montado para ele
em Belém, que reuniu os candidatos a governador do PT e do
PMDB de Jader Barbalho. Ele
conclamou os dois partidos a se
unirem contra o adversário comum: os tucanos, a quem chamou de aves "predadoras".
"Eu queria saber se tem algum cientista político aqui assistindo a esse comício ou se a
imprensa vai registrar. Não é
um simples comício, é uma aula
de pós-graduação de sociologia
política." O presidente pediu
votos para a candidata Ana Julia Carepa (PT) e para José
Priante (PMDB). Os dois tentam levar para o segundo turno
a disputa contra o tucano Almir
Gabriel: "Ana Júlia e Priante,
vocês fizeram um gesto de democracia como poucas vezes
foi feito neste país".
"É chegada a hora de parar de
brigar entre nós e saber quem é
o adversário principal. Não
adianta o PC do B e o PT ficarem de um lado e eles ficarem, o
PFL, o PSDB, e outras forças de
direita, conservadoras, reunidos do outro lado... Podemos
até ter os defeitos que eles querem, mas os nossos defeitos
certamente são menores do
que os defeitos que eles têm. Fizemos mais pelo Brasil do que
eles fizeram", declarou Lula.
No comício para cerca de 10
mil pessoas, segundo os organizadores, desfilou uma galeria
de companheiros de palanque
com problemas na Justiça, a
começar pelo candidato a deputado federal Jader Barbalho,
cujo filho, o prefeito de Ananindeua, Elder Barbalho, foi encarregado de fazer um discurso
empolgado em defesa de Lula.
Integrante do conselho político
da campanha de reeleição, Jader é responde pela acusação
de desvios de verba da Sudam.
Participaram ainda do comício Paulo Rocha (PT), mensaleiro e candidato a deputado federal (ficou atrás no palco, mas
foi cumprimentado por Lula) e
o também candidato à Câmara
Ademir Andrade (PSB), preso
em abril pela Polícia Federal
acusado de desviar verba da
Companhia Docas do Pará.
Lula pediu que professores
universitários estudassem "a
fundo" o que a "revolução" em
sua trajetória: os pobres que em
1989, 1994 e 1998 tinham medo
de votar nele agora o escolhiam. O presidente fez sua
própria teoria: "Sabe qual foi a
revolução? É que vocês vêem
em mim uma extensão de vocês. Sabem que podem governar este país. Essa é a revolução
que a elite política ainda não
quer entender. Já vi gente escrever: "Esse povo tá demais'".
Para o ataque ao PSDB, Lula
escolheu comparar os hábitos
dos tucanos na natureza e na
política: "Não sou especialista
em tucanos, mas lá na Granja
do Torto tem um pequeno parque. De vez em quando um pequeno grupo de tucanos sai do
Parque Nacional e pára na
Granja do Torto. Sabe para
quê? Param para comer os ovos
e os filhotes dos passarinhos
nos ninhos. São predadores,
apesar daquela beleza. E o que
fizeram ao Brasil foi exatamente isso. Analisem o resultado,
qual foi o tratamento que a população pobre teve", disse.
O presidente insistiu na metáfora para dizer que o povo o
preferirá ao PSDB: "O povo tá
esperto, o povo tá sabido e não é
a plumagem nem o bico dos tucanos vão ensinar o povo a não
gostar de sabiá, de curió, de pintassilva, de galo de campina e
de toda a extraordinária fauna
brasileira". E agregou: "Quando
aparecem [tucanos] na TV tagarelando, batendo o bico, o povo diz: peraí: Mentir uma vez tá
certo, mentir duas vezes tá certo, mas mentir uma terceira vez
nós não vamos acreditar mais".
O presidente contou que
aconselhou ao ministro da
Controladoria Geral da União,
Waldir Pires, a trocar os remédios de hipertensão mais caros
por comprados na Farmácia
Popular: "Economiza R$ 54 e
vá tomar uma cervejinha, que
somos filhos de Deus e também
temos direito. Pelo amor de
Deus, a vida não é só discurso,
não é só trabalho. A vida é também prazer, é essa alegria que
estou vendo na cara de vocês".
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