São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2008

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Lacerda "lamenta" que PF ignorasse ação da Abin

MARIA CLARA CABRAL
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor afastado da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Paulo Lacerda disse "lamentar" o fato de o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, não saber da participação de agentes do órgão na Operação Satiagraha.
Mais de 50 agentes participaram da operação que prendeu Daniel Dantas em julho.
"Dentro da Abin houve a solicitação [para que agentes participassem da Satiagraha]. Se na PF não houve, eu lamento. Eu achava que estivesse ocorrendo", disse Lacerda ontem, na Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência do Congresso. Antes, Corrêa tinha afirmado que "não houve nenhuma comunicação nas instâncias superiores da polícia para esse procedimento".
Jorge Felix, ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), negou saber da participação de agentes. "Eu acompanho apenas as operações, não as cooperações."
Em outro momento de confronto indireto, Lacerda, que foi sucedido por Corrêa na PF há um ano, declarou que a troca de comando foi "fator determinante" para as dificuldades encontradas na Satiagraha.
O chefe da PF, no entanto, afirmou que a operação foi "bem suprida" de pessoal e que recebeu verbas superiores para esse caso-a Satiagraha está entre as cinco maiores operações da PF nos últimos cinco anos.
Os dois confirmaram encontro, no final do ano passado, para tratar das reclamações feitas pelo delegado Protógenes Queiroz sobre a falta de meios para tocar a operação.
Ainda na comissão, Lacerda e Felix reclamaram com os congressistas sobre as críticas sofridas pela Abin. "Quantos dos senhores sabem o que a Abin está fazendo? (...) Antes de criticar, conheça um pouco do que a agência faz hoje e não no passado", disse Felix.
Quanto ao número de agentes da Abin que participaram da Satiagraha, o diretor afastado do órgão disse ter havido uma "confusão" a respeito, não uma "contradição". Segundo ele, de 52 a 56 agentes colaboraram com Protógenes por quatro meses. Eles teriam trabalhado alternadamente, não juntos.
Felix e Lacerda voltaram a negar que a agência tenha equipamentos para fazer escutas.
Mais tarde, o ex-agente aposentado do SNI (Serviço Nacional de Informações) Francisco Ambrósio do Nascimento, apontado pela revista "IstoÉ" como o responsável pelo grampo entre o presidente do STF, Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), negou ter tido acesso a escuta. Ele disse que foi só um "colaborador eventual" da PF.


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