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Lacerda "lamenta" que PF ignorasse ação da Abin
MARIA CLARA CABRAL
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O diretor afastado da Abin
(Agência Brasileira de Inteligência) Paulo Lacerda disse
"lamentar" o fato de o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz
Fernando Corrêa, não saber da
participação de agentes do órgão na Operação Satiagraha.
Mais de 50 agentes participaram da operação que prendeu
Daniel Dantas em julho.
"Dentro da Abin houve a solicitação [para que agentes participassem da Satiagraha]. Se na
PF não houve, eu lamento. Eu
achava que estivesse ocorrendo", disse Lacerda ontem, na
Comissão Mista de Controle de
Atividades de Inteligência do
Congresso. Antes, Corrêa tinha
afirmado que "não houve nenhuma comunicação nas instâncias superiores da polícia
para esse procedimento".
Jorge Felix, ministro-chefe
do GSI (Gabinete de Segurança
Institucional), negou saber da
participação de agentes. "Eu
acompanho apenas as operações, não as cooperações."
Em outro momento de confronto indireto, Lacerda, que
foi sucedido por Corrêa na PF
há um ano, declarou que a troca
de comando foi "fator determinante" para as dificuldades encontradas na Satiagraha.
O chefe da PF, no entanto,
afirmou que a operação foi
"bem suprida" de pessoal e que
recebeu verbas superiores para
esse caso-a Satiagraha está entre as cinco maiores operações
da PF nos últimos cinco anos.
Os dois confirmaram encontro, no final do ano passado, para tratar das reclamações feitas
pelo delegado Protógenes
Queiroz sobre a falta de meios
para tocar a operação.
Ainda na comissão, Lacerda e
Felix reclamaram com os congressistas sobre as críticas sofridas pela Abin. "Quantos dos
senhores sabem o que a Abin
está fazendo? (...) Antes de criticar, conheça um pouco do que
a agência faz hoje e não no passado", disse Felix.
Quanto ao número de agentes da Abin que participaram da
Satiagraha, o diretor afastado
do órgão disse ter havido uma
"confusão" a respeito, não uma
"contradição". Segundo ele, de
52 a 56 agentes colaboraram
com Protógenes por quatro
meses. Eles teriam trabalhado
alternadamente, não juntos.
Felix e Lacerda voltaram a
negar que a agência tenha equipamentos para fazer escutas.
Mais tarde, o ex-agente aposentado do SNI (Serviço Nacional de Informações) Francisco
Ambrósio do Nascimento,
apontado pela revista "IstoÉ"
como o responsável pelo grampo entre o presidente do STF,
Gilmar Mendes, e o senador
Demóstenes Torres (DEM-GO), negou ter tido acesso a escuta. Ele disse que foi só um
"colaborador eventual" da PF.
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