São Paulo, sexta-feira, 18 de setembro de 2009

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Temer cobra aliança nacional rápida e quer a vice de Dilma

Presidente licenciado do PMDB diz que PT precisa definir logo se haverá união para eleição de 2010

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Câmara, Michel Temer (SP), cobrou do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma definição rápida sobre uma aliança nacional com o PMDB para apoiar em 2010 a eventual candidatura presidencial da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Temer também disse que a vaga de vice deve ser do PMDB.
"É fundamental que o PT e o presidente definam logo se vai haver uma aliança nacional com o PMDB para disputar a Presidência. Se houver essa decisão, o PMDB tem de ter a vice", disse Temer ontem à Folha. Presidente licenciado do PMDB, ele comanda o partido na prática.
O próprio Temer é hoje o peemedebista mais cotado para ser vice de Dilma. Com menos cacife, são aventados também os ministros Hélio Costa (Comunicações), com base política em Minas, e Nelson Jobim (Defesa), do PMDB gaúcho.
Segundo Temer, se o PT e Lula não fecharem logo uma aliança com o PMDB nacional, esse plano poderá ser inviabilizado. "Se deixar para janeiro e fevereiro do ano que vem, pode não dar certo."
O presidente da Câmara disse que o processo eleitoral foi antecipado e que peemedebistas e petistas já estão fazendo planos para candidaturas majoritárias nos seus Estados (governador e duas vagas para o Senado). Na visão dele, quanto mais demorar para o PT e o PMDB se acertarem nacionalmente, maior dificuldade haverá para composições. "Daqui a pouco, tem muito fato consumado nos Estados. Aí pode complicar a aliança nacional."
Pela primeira vez, Temer reagiu às críticas que o PMDB recebe do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), potencial candidato a presidente ou a vice de Dilma (esta hoje uma hipótese menos provável). Ciro diz que o PMDB é "o que tem de pior na política brasileira". Diz que o PT entregou ao PMDB "a hegemonia moral e intelectual" da aliança de apoio a Lula, o que contrariaria a ética política.
"Apesar de não ter relacionamento pessoal com Ciro, tenho respeito por ele e uma boa relação política. Mas acho injusto esse tipo de crítica, porque generaliza e dá a entender que deseja afastar o PMDB do PT para ser vice [de Dilma]. E, na hipótese de ele vir a ser vice, com essas críticas ao PMDB, não haverá como o partido apoiar a aliança", disse Temer.
Lula ainda sonha com a possibilidade de Dilma ser candidata única do seu campo de forças, apesar de ter crescido a probabilidade da candidatura de Ciro. No desejo ideal do presidente, Ciro seria vice de Dilma com apoio do PMDB. No entanto, o PMDB não aceita.
Daí Lula estar resignado a bancar a aliança PT-PMDB para apoiar Dilma na eleição de 2010. O presidente avalia que será vital para a candidatura o tempo de TV e rádio peemedebista no horário eleitoral gratuito. O enraizamento nacional do PMDB também é contabilizado como um trunfo.


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