|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para ex-militar, decisão é "aberração" e portaria é "discriminatória" contra cabos
DA REPORTAGEM LOCAL
"Fui prejudicado. Queria continuar na Aeronáutica, mas meu
sonho foi banido." A afirmação é
de José Soares Rodrigues, 62, cabo
da Força Área Brasileira no período de 1962 a 1970, e o primeiro nome da primeira lista dos cerca de
2.500 anistiados da Aeronáutica.
Rodrigues recebe mensalmente
R$ 3.712 de indenização, após
conseguir anistia, em 2002, com
base na portaria 1.104, de 1964.
O pagamento da anistia começou a ser feito em novembro de
2003, quando recorreu ao STJ
(Superior Tribunal de Justiça).
Para o ex-militar, a portaria
1.104 é "contra os cabos da FAB
porque é discriminatória". Diz
que queria continuar no serviço
militar, mas não teve "a chance de
prestar concurso público".
Nos cálculos de Rodrigues, a
Aeronáutica deveria lhe pagar por
mês indenização no valor de R$
4.080. "Esse é o salário atualizado
de um segundo tenente. Lamentavelmente, o pagamento do mês
não está corrigido." Em relação a
pagamentos retroativos, estima
quantia em torno de US$ 100 mil.
Para o ex-militar, a decisão de
anular anistias com base nessa
portaria é uma "aberração". "É
um exercício arbitrário. Não há
fraude na concessão da anistia.
Querem barrar os direitos dos
anistiados. Essa portaria de 1964
nos prejudicou. Após 33 anos de
afastamento, consegui, com a
anistia, voltar para a FAB", diz.
Se o pagamento de sua anistia
for suspenso, Rodrigues diz que
vai recorrer à Justiça.
Cerca de 200 anistiados que tiveram suspensos o pagamento de
suas indenizações estão recorrendo ao STJ para garantir o recebimento. No entender da Justiça,
enquanto não for feita a anulação
da anistia -e publicada no Diário Oficial da União-, os pagamentos devem continuar sendo
feitos. Para o Ministério da Justiça, se for aberto um processo administrativo para anular a anistia,
isso já é motivo para suspender o
pagamento.
(FF e CR)
Texto Anterior: Anistia: Governo anula indenizações de ex-cabos Próximo Texto: Entrevista da 2ª - Eduardo Campos: Ministro nega acesso visual de inspetores às centrífugas Índice
|