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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
CPI derrota governo e convoca Berzoini e Freud para depor
Oposição aprovou acesso à quebra dos sigilos do ex-assessor de Lula e barraram convocação de José Serra e Barjas Negri
Depoimentos só vão ocorrer após a eleição; em minoria na CPI, PT aceita proposta de aprovar apenas um convite a ex-ministros da Saúde
RANIER BRAGON
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Aproveitando-se da desarticulação da base governista no
Congresso, a oposição aprovou
ontem a convocação pela CPI
dos Sanguessugas de oito acusados de envolvimento na tentativa frustrada de compra do
dossiê antitucano, entre eles
Ricardo Berzoini, presidente licenciado do PT e ex-coordenador da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, e Freud Godoy, ex-assessor do presidente.
De quebra, tucanos e pefelistas aprovaram o recebimento
da quebra dos sigilos bancário,
fiscal e telefônico de Freud,
além de barrarem a tentativa
governista de aprovar a convocação dos ex-ministros da Saúde do PSDB José Serra -governador eleito de São Paulo- e
Barjas Negri, acusados recentemente pela família Vedoin de
envolvimento com o esquema.
Avaliando que estavam em
minoria na sessão, o PT e os demais governistas aceitaram
acordo proposto pela oposição
de aprovar apenas um convite
-sem obrigação de comparecimento- a Serra, Barjas e a outros dois ex-ministros da Saúde, o petista Humberto Costa e
o peemedebista Saraiva Felipe.
O PT não conseguiu nem sequer aprovar a convocação de
Abel Pereira, apontado pelos
Vedoin como o operador da
quadrilha no ministério nas
gestões de Serra e de Barjas.
"Todos sabem que o Abel Pereira é a peça-chave do superfaturamento das ambulâncias no
ministério", esbravejava a senadora Ideli Salvati (SC), líder
do PT, ao término da sessão.
A derrota do governo começou no início da tarde, quando
adotou a estratégia de tentar
derrubar a sessão da CPI por
falta de quórum. Com isso, os
governistas não apareceram, o
que transferiu à oposição a missão de reunir o quórum mínimo de 19 dos 38 integrantes da
comissão. Eles conseguiram 17
presenças, mas chegaram ao
número necessário com a ajuda
do deputado Paulo Rubem Santiago (PT-PE) e do senador
Eduardo Suplicy (PT-SP).
"Sou petista, não sou governista. Ninguém me pediu para
não vir aqui para não dar presença", disse Paulo Rubem. Enquanto os governistas tentavam reunir às pressas seus aliados, a oposição aprovou a convocação de Francisco Rocha, o
"Rochinha", da coordenação de
campanha de Lula. O nome dele surgiu nas investigações como suspeito de atuar na liberação de verbas para o esquema
dos sanguessugas durante a
gestão de Humberto Costa.
Nesse momento, já havia
chegado à sessão a senadora
Ideli Salvati, que apelava ao celular pela presença dos colegas
e pelo começo da sessão de votação no plenário do Senado, o
que derrubaria a sessão da CPI.
A reunião da comissão transcorreu em clima tenso, recheado de bate-bocas. Como a arregimentação da tropa governista
era lenta, a oposição aprovou,
um atrás do outro, o recebimento dos sigilos de Freud e as
oito convocações: além de Berzoini e Freud, foram convocados Gedimar Passos e Valdebran Padilha, presos com o R$
1,7 milhão que seria usado para
a compra do dossiê; Expedito
Veloso, Oswaldo Bargas e Jorge
Lorenzetti, ex-integrantes da
coordenação de campanha de
Lula; e Hamilton Lacerda, ex-assessor de Aloizio Mercadante. Os depoimentos vão ocorrer
só depois das eleições. Gedimar, Valdebran e Lorenzetti
vão falar em 31 de outubro.
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