São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

CPI derrota governo e convoca Berzoini e Freud para depor

Oposição aprovou acesso à quebra dos sigilos do ex-assessor de Lula e barraram convocação de José Serra e Barjas Negri

Depoimentos só vão ocorrer após a eleição; em minoria na CPI, PT aceita proposta de aprovar apenas um convite a ex-ministros da Saúde


RANIER BRAGON
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Aproveitando-se da desarticulação da base governista no Congresso, a oposição aprovou ontem a convocação pela CPI dos Sanguessugas de oito acusados de envolvimento na tentativa frustrada de compra do dossiê antitucano, entre eles Ricardo Berzoini, presidente licenciado do PT e ex-coordenador da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, e Freud Godoy, ex-assessor do presidente.
De quebra, tucanos e pefelistas aprovaram o recebimento da quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Freud, além de barrarem a tentativa governista de aprovar a convocação dos ex-ministros da Saúde do PSDB José Serra -governador eleito de São Paulo- e Barjas Negri, acusados recentemente pela família Vedoin de envolvimento com o esquema.
Avaliando que estavam em minoria na sessão, o PT e os demais governistas aceitaram acordo proposto pela oposição de aprovar apenas um convite -sem obrigação de comparecimento- a Serra, Barjas e a outros dois ex-ministros da Saúde, o petista Humberto Costa e o peemedebista Saraiva Felipe.
O PT não conseguiu nem sequer aprovar a convocação de Abel Pereira, apontado pelos Vedoin como o operador da quadrilha no ministério nas gestões de Serra e de Barjas.
"Todos sabem que o Abel Pereira é a peça-chave do superfaturamento das ambulâncias no ministério", esbravejava a senadora Ideli Salvati (SC), líder do PT, ao término da sessão.
A derrota do governo começou no início da tarde, quando adotou a estratégia de tentar derrubar a sessão da CPI por falta de quórum. Com isso, os governistas não apareceram, o que transferiu à oposição a missão de reunir o quórum mínimo de 19 dos 38 integrantes da comissão. Eles conseguiram 17 presenças, mas chegaram ao número necessário com a ajuda do deputado Paulo Rubem Santiago (PT-PE) e do senador Eduardo Suplicy (PT-SP).
"Sou petista, não sou governista. Ninguém me pediu para não vir aqui para não dar presença", disse Paulo Rubem. Enquanto os governistas tentavam reunir às pressas seus aliados, a oposição aprovou a convocação de Francisco Rocha, o "Rochinha", da coordenação de campanha de Lula. O nome dele surgiu nas investigações como suspeito de atuar na liberação de verbas para o esquema dos sanguessugas durante a gestão de Humberto Costa.
Nesse momento, já havia chegado à sessão a senadora Ideli Salvati, que apelava ao celular pela presença dos colegas e pelo começo da sessão de votação no plenário do Senado, o que derrubaria a sessão da CPI.
A reunião da comissão transcorreu em clima tenso, recheado de bate-bocas. Como a arregimentação da tropa governista era lenta, a oposição aprovou, um atrás do outro, o recebimento dos sigilos de Freud e as oito convocações: além de Berzoini e Freud, foram convocados Gedimar Passos e Valdebran Padilha, presos com o R$ 1,7 milhão que seria usado para a compra do dossiê; Expedito Veloso, Oswaldo Bargas e Jorge Lorenzetti, ex-integrantes da coordenação de campanha de Lula; e Hamilton Lacerda, ex-assessor de Aloizio Mercadante. Os depoimentos vão ocorrer só depois das eleições. Gedimar, Valdebran e Lorenzetti vão falar em 31 de outubro.


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