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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
Dinheiro deve ter saído do PT, diz relatório
Delegado diz que envolvidos são do partido, mas ainda não sabe a origem do dinheiro que seria usado para comprar dossiê
Curado disse que só hoje vai apresentar relatório com um pedido de prorrogação do prazo do inquérito e um balanço das investigações
RANIER BRAGON
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O delegado da Polícia Federal Diógenes Curado, responsável pelas investigações sobre a
tentativa de compra do dossiê
antitucano por R$ 1,7 milhão,
escreveu em relatório parcial
que, "ao que tudo indica", o dinheiro tem origem no PT.
A informação foi dada ontem
por um integrante da CPI dos
Sanguessugas que leu os três
volumes de papéis que formam
o inquérito presidido por Curado. A documentação chegou
anteontem à CPI e reúne depoimentos tomados pelo delegado, resultados de diligências
e relatórios preliminares feitos
no decorrer das investigações.
Segundo o integrante da CPI,
que pediu para não ser identificado, o delegado usa como argumento no relatório a constatação de que "todos os envolvidos" no episódio eram do PT.
De acordo com Diógenes Curado, o integrante da CPI deve
ter visto uma das representações feita por ele solicitando
quebras do sigilo bancário e telefônico. Ele informou que nestas representações ele descreve
que todos os envolvidos são do
PT, mas não afirma qual seria o
origem do dinheiro. "A origem
do dinheiro é justamente o
principal objeto das nossas investigações", disse ele ontem.
O delegado disse que só vai
preparar e apresentar hoje o relatório preliminar à Justiça
com o pedido de prorrogação
do prazo do inquérito. Do relatório constará um balanço das
investigações e a indicação das
medidas a serem tomadas.
A Polícia Federal prendeu no
dia 15 de setembro, em São
Paulo, Gedimar Passos e Valdebran Padilha com R$ 1,7 milhão
(R$ 1,2 milhão e US$ 249 mil)
que seria usado para a compra
de documentação que comprometeria candidatos tucanos.
Desde então, informações
desencontradas e negativas
marcam a investigação sobre a
origem do dinheiro. Integrantes do PT e das coordenações
de campanha de Lula e de Aloizio Mercadante, apontados como suspeitos de participação
na trama, acabaram afastados.
Cinco foram expulsos do PT.
Segundo o integrante da CPI,
há no inquérito as fotocópias
que mostrariam Hamilton Lacerda, ex-coordenador de imprensa da campanha de Mercadante, com uma grande mala
no hotel onde a PF realizou as
prisões. Curado teria calculado
que a mala poderia levar cerca
de R$ 1 milhão. Lacerda nega
ter transportado dinheiro. Anteontem, o presidente da CPI,
Antonio Carlos Biscaia, disse
não haver dúvida de que a origem do dinheiro é criminosa.
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