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Inflação vai voltar sem o tributo, diz Alencar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com José Alencar, presidente da República interino, à frente, o governo enviou ontem
uma tropa de choque ao Senado para tentar negociar a prorrogação da CPMF, mas não
apresentou nenhuma proposta
concreta de redução da alíquota, como reivindica a oposição.
Na saída, Alencar ainda ampliou a lista de ameaças caso o
tributo não seja aprovado pela
Casa: a volta da inflação.
"É claro que todas as pessoas
são contra essa CPMF, mas todos compreendem que é preciso que se cuide do Orçamento
da União para evitar qualquer
problema ligado a retorno da
inflação. Porque desequilíbrio
orçamentário significa abrir espaço para a inflação voltar. E
nós não queremos isso", disse.
Pela manhã, em evento com
investidores estrangeiros,
Alencar disse que o sistema tributário nacional se transformou em um verdadeiro "cipoal
burocrático" e afirmou que o
governo examina a criação de
uma Assembléia Constituinte
exclusiva para discutir as reformas tributária e política.
Não foi a primeira vez que o
governo adotou o discurso
ameaçador para pressionar a
oposição pela prorrogação da
CPMF até 2011. Já se falou em
cortar gastos sociais, reduzir os
investimentos do PAC e aumentar a carga tributária para
compensar perdas.
"O governo não faz ameaça.
Nunca houve um governo tão
respeitador e democrata como
tem sido o governo Lula, por isso estamos aqui para dialogar,
não para impor nem para
ameaçar", amenizou Alencar.
Alencar e os ministros Walfrido dos Mares Guia (Relações
Institucionais), José Gomes
Temporão (Saúde) e o interino
Nelson Machado (Fazenda)
reuniram-se a portas fechadas
com cerca de 50 senadores. Ele
sugeriu a criação de um grupo
de senadores e ministros para
debater alternativas de desoneração da carga tributária e deixou pré-agendado um encontro, na semana que vem, dos líderes com o presidente Lula.
A margem de votos do governo no Senado é apertada. Segundo o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), faltam
seis votos -são necessários
49- para prorrogar a CPMF.
A avaliação no governo é que
o "fiel da balança" para renovar
a cobrança do imposto será o
PSDB. O líder tucano, Arthur
Virgílio (AM), afirmou que "o
tempo do PSDB para negociar
está se esgotando". O PSDB exige a redução da alíquota.
"Até agora não ouvimos nada
parecido com desoneração",
afirmou Virgílio.
Walfrido dos Mares Guia
afirmou que "que está aberta
uma negociação que até então
não estava tão explícita".
(LETÍCIA SANDER, SILVIO NAVARRO e MARIA
LUIZA RABELLO)
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