São Paulo, quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Inflação vai voltar sem o tributo, diz Alencar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com José Alencar, presidente da República interino, à frente, o governo enviou ontem uma tropa de choque ao Senado para tentar negociar a prorrogação da CPMF, mas não apresentou nenhuma proposta concreta de redução da alíquota, como reivindica a oposição. Na saída, Alencar ainda ampliou a lista de ameaças caso o tributo não seja aprovado pela Casa: a volta da inflação.
"É claro que todas as pessoas são contra essa CPMF, mas todos compreendem que é preciso que se cuide do Orçamento da União para evitar qualquer problema ligado a retorno da inflação. Porque desequilíbrio orçamentário significa abrir espaço para a inflação voltar. E nós não queremos isso", disse.
Pela manhã, em evento com investidores estrangeiros, Alencar disse que o sistema tributário nacional se transformou em um verdadeiro "cipoal burocrático" e afirmou que o governo examina a criação de uma Assembléia Constituinte exclusiva para discutir as reformas tributária e política.
Não foi a primeira vez que o governo adotou o discurso ameaçador para pressionar a oposição pela prorrogação da CPMF até 2011. Já se falou em cortar gastos sociais, reduzir os investimentos do PAC e aumentar a carga tributária para compensar perdas.
"O governo não faz ameaça. Nunca houve um governo tão respeitador e democrata como tem sido o governo Lula, por isso estamos aqui para dialogar, não para impor nem para ameaçar", amenizou Alencar.
Alencar e os ministros Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), José Gomes Temporão (Saúde) e o interino Nelson Machado (Fazenda) reuniram-se a portas fechadas com cerca de 50 senadores. Ele sugeriu a criação de um grupo de senadores e ministros para debater alternativas de desoneração da carga tributária e deixou pré-agendado um encontro, na semana que vem, dos líderes com o presidente Lula.
A margem de votos do governo no Senado é apertada. Segundo o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), faltam seis votos -são necessários 49- para prorrogar a CPMF.
A avaliação no governo é que o "fiel da balança" para renovar a cobrança do imposto será o PSDB. O líder tucano, Arthur Virgílio (AM), afirmou que "o tempo do PSDB para negociar está se esgotando". O PSDB exige a redução da alíquota.
"Até agora não ouvimos nada parecido com desoneração", afirmou Virgílio.
Walfrido dos Mares Guia afirmou que "que está aberta uma negociação que até então não estava tão explícita". (LETÍCIA SANDER, SILVIO NAVARRO e MARIA LUIZA RABELLO)

Texto Anterior: Imposto: Prefeitos querem contestar Mantega sobre proposta de fim do ISS
Próximo Texto: CPMF: Em 2003, governo acenou com a reforma tributária para aprovar
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.