São Paulo, sábado, 18 de outubro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Não é só a eleição

Em privado, até mesmo aliados de José Serra identificam pelo menos dois erros cometidos pelo governo paulista na paralisação da Polícia Civil, que anteontem resultou em confronto dos grevistas com a PM em frente ao Palácio dos Bandeirantes.
O primeiro: desperdiçar a janela de oportunidade para negociação que lhe foi oferecida quando a categoria parou pela primeira vez, em 13 de agosto, e voltou ao trabalho depois de sete horas por solicitação da Justiça. O segundo: afastar do Dipol (Departamento de Inteligência) o presidente da Associação dos Delegados de Polícia, Sergio Marcos Roque, justamente o mais moderado dos líderes da greve e dos poucos que ainda mantêm interlocução com o governo.




Termômetro 1. Pesquisa telefônica feita depois do confronto por encomenda do governo paulista identificou 67% de entrevistados contrários à greve, que já dura 32 dias, e 72% contrários ao protesto dos policiais no palácio.

Termômetro 2. Segundo o mesmo levantamento, 67% enxergam interesse político por trás do evento de quinta-feira, e 64% aprovam o uso da força para impedir a invasão da sede do governo paulista.

Laços. Presidente do Sindicato dos Investigadores da Polícia Civil, uma das entidades protagonistas do confronto com a PM, João Batista Rebouças é ligado ao deputado estadual Vanderlei Siraque (PT), que disputa o segundo turno em Santo André.

Ah, é? Na esteira das declarações de Serra, que destacou o envolvimento de Paulinho da Força (PDT), um dos animadores do protesto, no escândalo de desvio de recursos do BNDES, um informe de delegados da Polícia Civil cuidou de lembrar que no mesmo escândalo estava Alberto Mourão, prefeito de Praia Grande e tucano à época em que estourou o caso.

Aval. Do presidente do PDT, deputado Vieira da Cunha (RS), em defesa de Paulinho: "Ele tem todo o nosso apoio. Tem que estar exatamente lá, na rua com os trabalhadores. Foi injustamente agredido pelo governador José Serra".

Pop. Reeleita no primeiro turno com 50,16% dos votos em Fortaleza, Luizianne Lins (PT) foi chamada para dar uma força na campanha do correligionário Walter Pinheiro em Salvador. Ela também deverá viajar a Porto Alegre para ajudar Maria do Rosário, em desvantagem contra José Fogaça (PMDB).

Reforços. A ex-ministra Marina Silva (PT-AC) vai a São Bernardo do Campo, na segunda-feira, participar de evento da campanha de Luiz Marinho (PT), que, amanhã, receberá a visita de Lula.
Fila. O presidente João Goulart (1918-1976) será o próximo anistiado pelo Ministério da Justiça, depois de Leonel Brizola (1922-2004). O anúncio será feito no dia 14, em Natal, durante um encontro da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para comemorar os 20 anos da Constituição.

Combinado. O PSDB fechou acordo para apoiar a eleição de Michel Temer (PMDB-SP) à presidência da Câmara, desde que o partido mantenha a primeira-vice, hoje ocupada pelo aecista Nárcio Rodrigues.

A conferir. A direção da Câmara decidiu devolver à União os 33 apartamentos funcionais ocupados por servidores da Casa. A partir de agora, apenas deputados terão essa prerrogativa.

Mãozinha. O senador Gim Argello (PTB-DF) apresentou parecer pelo arquivamento das contas do colega de bancada e ex-presidente Fernando Collor (AL), que seguem pendentes no Congresso desde 1991. Elas já haviam sido rejeitadas pela Comissão de Orçamento, mas a votação até hoje não foi concluída.

Última chamada. O Diretório Nacional do PT se reúne no próximo dia 7 para definir o calendário da eleição interna do partido, que acontecerá em 2009. O secretário de Organização, Paulo Frateschi, avisa: "Quem ficar retendo fichas corre o risco de perder o prazo de filiações".

com SILVIO NAVARRO e ANDREZA MATAIS

Tiroteio

"Aquilo ali vai merecer reflexões profundas por parte de quem tentou pegar um técnico desconhecido e transformar em prefeito." De JOSÉ GOMES TEMPORÃO, sobre a desvantagem de Márcio Lacerda em Belo Horizonte; o adversário Leonardo Quintão é do PMDB, partido do ministro da Saúde.

Contraponto

Calçada da fama

Em encontro com o presidente de Moçambique, Armando Guebuza, Lula procurou quebrar o gelo apresentando ao colega os integrantes de sua comitiva.
-Aquele senhor de cabelo branco é o Paulo Buss, da Fiocruz. O Marco Aurélio Garcia você conhece, assim como o chanceler Celso Amorim. O Franklin Martins é o homem da comunicação...
Quando chegou a vez de Miguel Jorge, Lula brincou:
-Aquele ali no fundo, você vai achar, olhando para a cara dele, que é um artista de cinema. Mas é apenas o meu ministro do Desenvolvimento...


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