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Somos vistos como "bandidos" na Amazônia, diz madeireiro
Às margens de obra do PAC, reportagem vê transporte de toras sem identificação
DA ENVIADA AO AMAZONAS
Uma madeireira chamada
Realidade recepciona a entrada
do vilarejo de nome idêntico,
instalado no início do trecho de
pouco mais de 400 quilômetros
da BR-319, cujo asfaltamento
aguarda a liberação de licença
ambiental. A rodovia, obra do
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento), liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM) e divide o governo.
Na semana passada, a Folha
flagrou o embarque de pranchas de angelim e cedro, madeiras nobres, em um caminhão que seguiria para Minas
Gerais. As toras de madeira não
continham a identificação típica dos planos de manejo. "Faz
parte do contexto", disse o responsável local pela serraria,
que preferiu não se identificar.
"Pode me chamar de alguém."
Por telefone, o dono da serraria, Erli Rufato Moreira, reclamou da suposta perseguição
aos madeireiros da Amazônia:
"Somos tratados como bandidos". Ele insistiu em que explora madeira de planos de manejo. Calcula que tem capacidade
para produzir entre 20 e 30
metros cúbicos por ano. Tem
ainda um palpite: "É impossível essa estrada não sair".
A aposta é compartilhada pela população do vilarejo, que
conta sobretudo com o fato de
Manaus sediar jogos da Copa
de 2014 para levar adiante a
obra, que dá acesso por terra à
capital do Amazonas.
Assim como o município de
Lábrea, toda a área de influência da BR-319 deverá passar
por operação especial de regularização fundiária, afirmou o
coordenador do Terra Legal,
Carlos Guedes.
Em julho, relatório do Ibama
(Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) negou temporariamente a licença ambiental aguardada para o mês
anterior por conta do risco de
abertura de novas frentes de
desmatamento irregular, grilagem de terras públicas e ocupação desordenada da região.
O Ministério dos Transportes, empreendedor da obra, informou que "prosseguem as
tratativas" com o Ibama para
liberar o asfaltamento da rodovia.
(MARTA SALOMON)
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