São Paulo, sexta-feira, 18 de novembro de 2005

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Oposição cobra apoio de Lula a ministro

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A oposição cobrou ontem, no plenário do Senado, uma manifestação de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ministro Antonio Palocci (Fazenda) e ainda disse que coube ao PSDB e ao PFL dar sustentação ao ministro durante seu depoimento anteontem na Casa. Ao atacar o presidente, chegou-se a dizer que "ele deixa roubar" em seu governo.
"Ele [Lula] queria o desastre do ministro Palocci ontem [anteontem] porque senão a Dilma Rousseff não seria a chefe do seu gabinete civil. Hoje a toda-poderosa, como se fosse o José Dirceu de ontem, queria criticar publicamente o ministro Palocci, sem que houvesse uma palavra do presidente em defesa do ministro", disse o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA)
ACM e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) têm sido os principais interlocutores de Palocci na oposição. "A situação é grave. Ontem [anteontem] nós, da oposição, demos sustentação ao ministro, mas isso foi ontem [anteontem]. Nossa sustentação não pode ser permanente", afirmou ACM.
O senador Jefferson Péres (PDT-AM) disse que o Brasil é um país "surrealista" porque ninguém saberia a opinião do presidente Lula a respeito das políticas públicas adotadas por seu governo. "Hoje alguém sabe, com certeza, no Brasil, se o presidente Lula sinceramente apóia o ministro Antonio Palocci? Até hoje ele não desautorizou a ministra. Ontem [anteontem] não mencionou Palocci [em seu discurso]."
Péres citou como exemplo o episódio em que o então presidente Fernando Henrique Cardoso demitiu Clóvis Carvalho, seu ministro do Desenvolvimento, por críticas públicas feitas à política econômica do colega de ministério Pedro Malan (Fazenda).
"Isso de um homem como Fernando Henrique, que não era um homem de gestos bruscos, era um homem muito comedido", disse.
O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), mais uma vez defendeu Palocci e a política econômica adotada por ele. "Parece-me que o presidente Lula, a um tempo, dá apoio à política de Palocci desde que não haja crise e, no mesmo passo, flerta com o chavismo, com o populismo fácil, que poderia lhe dar votos, ainda que irresponsáveis e que lhe seriam tragicamente cobrados depois", afirmou o tucano.
ACM cobrou ainda explicações a respeito da origem dos recursos que pagaram empréstimo de R$ 29 mil concedido pelo PT ao presidente Lula, além do aporte de R$ 5 milhões feito pela Telemar -concessionária de serviço público- em empresa de Fábio Luiz, filho do presidente.
"Ele deixa roubar, sim", afirmou o senador. "Como na fábula, vamos chegar a um ponto em que todos poderão ver o presidente desfilando nu pela ruas, mas, ainda assim, dirão: "Olhem que bonito o fraque do presidente da República!'", disse ACM.


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