São Paulo, sexta-feira, 18 de novembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"MENSALÃO"/PALOCCI NA MIRA

Requerimento para chamar o ministro a depor deve ser votado na próxima terça-feira, mas data não deve ser marcada a princípio

Oposição e governo acertam convocação de Palocci pela CPI

DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


O ministro Antonio Palocci (Fazenda) que anteontem aproveitou a sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado para se defender de acusações de irregularidades durante sua gestão na Prefeitura de Ribeirão Preto, deve ser convocado para depor na CPI dos Bingos. O acerto foi feito entre líderes do governo e da oposição e anunciado ontem na comissão.
O requerimento convocando o ministro a depor, de autoria do senador Geraldo Mesquita (sem partido-AC), será colocado em votação na próxima terça, segundo informou ontem o presidente da CPI, Efraim Morais (PFL-PB).
Há um acordo entre governistas e oposição para que o requerimento seja aprovado, mas sem definição, por enquanto, da data do depoimento. Para Efraim, é preciso que seja antes de 15 de dezembro, quando o Congresso deve entrar em recesso.
"O foco das declarações dele ontem [anteontem] era econômico, e a oposição, pensando no Brasil, se restringiu a falar sobre economia", afirmou Efraim. "O foro ideal para discutir as denúncias contra Palocci é a CPI dos Bingos", defendeu o senador. Ele negou que a oposição esteja querendo criar um fato político contra o governo ao convocar Palocci para depor. "Não há ação política neste caso", disse.
Os senadores alegam que as denúncias contra a gestão de Palocci na prefeitura estão sendo apuradas pela CPI dos Bingos, por isso a necessidade de convocá-lo.
Integrante da CPI e da base governista, Tião Viana (PT-AC) afirmou que seu partido tem como interesse buscar o "fortalecimento das instituições" e, em nome desse princípio, concorda com o comparecimento de Palocci à CPI. "Até terça-feira vamos decidir o melhor momento para o esclarecimento do ministro."
O ministro foi acusado por Rogério Buratti, ex-secretário de Governo na primeira gestão na prefeitura, de fazer caixa dois para campanhas do PT com recursos de empresas de lixo. Além disso, reportagem da revista "Veja" afirma que outro ex-secretário do ministro, Vladimir Poleto, teria carregado três caixas com dólares, provenientes de Cuba, para a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.
Em seu depoimento à CPI dos Bingos, Poleto se contradisse e por pouco não foi preso. Ele disse que nas caixas havia bebidas.
Anteontem, PSDB e PFL fecharam um acordo pelo qual nenhum dos dois partidos faria perguntas envolvendo as acusações contra Palocci em seu depoimento no Senado. Queriam reforçar argumentos para chamá-lo para a CPI. O governo pensou que o adiantamento da sabatina, inicialmente agendada para a próxima semana, colocaria fim à ânsia da oposição de levar o ministro à CPI, mas a tática não deu certo.
O senador Leonel Pavan (PSDB-SC) disse que, ao chamar Palocci para depor, "a CPI atende a um pedido do próprio governo". Para Pavan, "o comparecimento dele não esclareceu nada sobre as denúncias". Pavan avaliou que a oposição foi "um algodão doce" com o ministro e que "quem tomou as rédeas foram os membros do governo". (CHICO DE GOIS E LUCIANA CONSTANTINO)

Texto Anterior: FHC ataca política econômica e sofre críticas de petista
Próximo Texto: Foro ideal
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.