São Paulo, sábado, 18 de novembro de 2006

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Empresa investigada pela PF prorroga contrato com Furnas

Envolvida no mensalão, estatal estende contrato de terceirização de mão-de-obra com a Bauruense Tecnologia e Serviços por 2 anos

No ano passado, o TCU determinou à estatal que substituísse os terceirizados por concursados no prazo de máximo de quatro anos


DA SUCURSAL DO RIO

A estatal Furnas Centrais Elétricas prorrogou por dois anos os contratos de terceirização de mão-de-obra com a empresa Bauruense Tecnologia e Serviços. Foram assinados três aditivos contratuais com a companhia, que somaram juntos R$ 159,4 milhões.
A Bauruense está sob investigação da Polícia Federal por causa das acusações do ex-deputado federal e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, que envolveu a estatal no chamado escândalo do mensalão, revelado no ano passado. Furnas alega que não pode prescindir dos terceirizados, porque colocaria o sistema elétrico em risco.
Furnas foi questionada diversas vezes pelo TCU (Tribunal de Contas da União) por utilizar mão-de-obra temporária em funções que exigem contratação por concurso público. No ano passado, o TCU determinou à empresa que substituísse todos os terceirizados por empregados concursados no prazo de quatro anos.
Furnas também responde a ações judiciais movidas pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público do Trabalho, contra o uso de mão-de-obra terceirizada. O procurador do Trabalho Fábio Leal, moveu três ações contra a estatal, para que ela cancele os contratos de terceirização de mão-de-obra e convoque os aprovados no concurso público realizado pela estatal em 2004.
Outras empresas terceirizadas tiveram os contratos renovados com Furnas, como Marte Engenharia, Enesa e Plansul. A Marte Engenharia foi a empresa que empregou a filha de Roberto Jefferson na Eletronuclear, outra estatal vinculada ao Ministério das Minas e Energia, comandado pela petista Dilma Rousseff.

Polícia Federal
Roberto Jefferson, que foi cassado, acusou publicamente o ex-diretor de Engenharia de Furnas Dimas Toledo de comandar um suposto esquema de cobrança de propinas -que envolveria fornecedores da empresa- para o financiamento de campanhas eleitorais e de partidos políticos.
Toledo foi afastado em junho de 2005, depois de Jefferson afirmar à Folha que ouviu dele que havia desvio de R$ 3 milhões mensais na empresa para o PT e partidos aliados. O ex-diretor da estatal negou as irregularidades.
A Polícia Federal fez uma operação de busca e apreensão de documentos na sede da Bauruense Tecnologia e Serviços Ltda, em agosto último. As casas dos sócios da empresa, em São Paulo, Bauru e Guarujá, também foram alvos da busca.
Na operação, a Polícia Federal recolheu computadores e documentos relacionados aos contratos da Bauruense com a estatal. A empresa negou envolvimento no esquema apontado por Jefferson.
A Bauruense já havia recebido de Furnas R$ 821 milhões em 28 contratos para prestação de serviços desde 2000.
Segundo o Ministério Público do Trabalho, os contratos eram administrados por Dimas Toledo, cuja filha Fabiana Toledo Sermarini é contratada da Bauruense.


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