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PF apura ligação de Lacerda para gerente da Petrobras
Quebra de sigilo revelou 15 telefonemas com ex-petista envolvido no caso do dossiê
Acusado de ter levado o R$ 1,7 milhão do dossiê a hotel em SP trocou 36 chamadas com assessores e com telefone fixo da estatal
Rodrigo Paiva -7.set.2006/Agência o Globo
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O ex-petista Hamilton Lacerda, envolvido no caso do dossiê |
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na tentativa de desvendar a
origem do R$ 1,7 milhão usado
para a compra do dossiê antitucano, a Polícia Federal investiga 15 ligações telefônicas travadas entre Hamilton Lacerda,
ex-petista envolvido na trama,
e o gerente de Comunicação
Institucional da Petrobras,
Wilson Santarosa.
De acordo com a quebra do
sigilo telefônico do celular de
Lacerda -em poder da PF e da
CPI dos Sanguessugas-, o ex-petista conversou com Santarosa entre 2 de agosto e 14 de
setembro, um dia antes da prisão de Gedimar Passos e Valdebran Padilha.
Além disso, as quebras registram oito trocas de telefonemas entre Lacerda e um assessor de Santarosa, todas no início de agosto. Por fim, há 12 ligações do telefone fixo da Petrobras para o celular de Lacerda, que telefonou de volta uma
vez, a maioria em agosto. No total, são 36 ligações.
Hamilton Lacerda era o
coordenador de comunicação
da campanha de Aloizio Mercadante (PT), candidato derrotado ao governo de São Paulo. O
dossiê que petistas tentavam
adquirir tinha como suposto
objetivo vincular ao esquema
dos sanguessugas o então adversário de Mercadante e hoje
governador eleito de São Paulo,
José Serra (PSDB). Segundo a
PF, Lacerda foi o homem que
entregou o dinheiro, em uma
mala, a Gedimar Passos.
Dias depois do estouro do escândalo, em 15 de setembro,
Lacerda foi afastado da campanha de Mercadante e, depois,
foi expulso do PT. Ele nega que
tenha transportado o dinheiro
para a compra do dossiê.
A assessoria de imprensa da
Petrobras afirmou que, com as
ligações, Lacerda queria obter
ingresso para o Grande Prêmio
de Fórmula 1 de Interlagos,
realizado no dia 22 de outubro,
mais de um mês depois da última ligação que vincula o ex-petista à estatal. A Petrobras patrocina a montadora Willians e,
segundo a assessoria, forneceu
o ingresso ao ex-petista (leia
texto nesta página).
As 36 ligações que apareceram na quebra do sigilo telefônico do celular de Lacerda são
curtas. Não há nenhuma com
mais de três minutos de duração. Apenas seis ultrapassam
dois minutos.
A PF avalia que há uma peculiaridade nessa linha de investigação sobre os contatos de Lacerda com a Petrobras. Os federais afirmam que quando queria se comunicar com outros
envolvidos no episódio, Lacerda utilizava um aparelho celular registrado em nome de Ana
Paula Cardoso Vieira, uma suposta "laranja" do caso.
Nas conversas telefônicas
com a Petrobras, porém, Lacerda usou o seu próprio telefone.
Mais de um mês depois da
prisão de Gedimar e Valdebran
com o R$ 1,7 milhão, a PF ainda
não descobriu origens concretas para o dinheiro apreendido.
A PF suspeita que o dinheiro
pagaria também a entrevista
que a família Vedoin, a coordenadora do esquema dos sanguessugas, deu à revista "IstoÉ"
insinuando a participação de
Serra na fraude. Segundo rumores nunca confirmados, a
revista seria beneficiada com
verba de propaganda da estatal.
A "IstoÉ" e a Petrobras negam.
(LEONARDO SOUZA, RANIER BRAGON, ANDRÉA MICHAEL E ADRIANO CEOLIN)
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