|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O PRESIDENTE
Na reunião ministerial que fará amanhã, presidente dirá ainda que confia na recuperação econômica e que cenário eleitoral será outro
Lula recomendará a ministros que evitem tom de bate-boca
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na reunião ministerial de amanhã, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva pedirá que seus auxiliares
não travem debates públicos sobre as divergências que têm nas
reuniões do governo. Dirá que cada ministro deve falar de sua área
e evitar comentar assuntos de outra pasta, especialmente em tom
de bate-boca.
Lula deverá falar também que
os ministros não devem pautar
suas ações pelas eleições de 2006.
Pretende afirmar que confia na
recuperação da economia no próximo ano e que o cenário da eleição será diferente do atual, no
qual perderia no segundo turno
para o tucano José Serra, prefeito
de São Paulo.
Ainda sobre as eleições, o presidente deverá pedir que os ministros que desejem disputar eleições, em 1º de outubro de 2006, o
avisem para que possa realizar
uma reforma ministerial antes do
prazo de desincompatibilização
(saída de cargos executivos), cujo
limite é 30 de março. Lula gostaria
de fazer modificações até fevereiro, mas sempre há atrasos quando o assunto é a troca no primeiro
escalão.
Além de Lula, estão escalados
para falar na reunião a ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil) e os
colegas Antonio Palocci (Fazenda), Ciro Gomes (Integração Nacional), Jaques Wagner (Relações
Institucionais) e Márcio Thomaz
Bastos (Justiça).
Presidente incomodado
Desde novembro, quando Palocci e Dilma trocaram duras críticas públicas, outros integrantes
do governo passaram a criticar
colegas e especificamente a política econômica.
Lula avalia que esses ataques e
comentários chegaram a um ponto em que sua própria autoridade
é minada, pois cada ministro fala
o que quer, sem repreensão pública do chefe.
O presidente ficou muito incomodado com a declaração do ministro do Desenvolvimento, Luiz
Fernando Furlan, de que o governo está sem "objetivos". Avaliou
como muita dura, pois transmite
a imagem de uma administração
ruim e sem comando.
A intenção do presidente é reverter o clima de desânimo que as
pesquisas mais recentes provocaram no ministério. Lula continuou a perder cacife eleitoral em
relação à sucessão de 2006, apesar
de a avaliação do governo ter se
mantido estável na comparação
com os dados de outubro.
Pesquisa Datafolha realizada
em 13 e 14 de dezembro mostrou
que Serra, que perdeu a eleição
presidencial de 2002, ultrapassou
Lula no levantamento sobre o primeiro turno de 2006. O tucano
obteve 36% de intenção de voto
contra 29% do petista. Em 21 de
outubro, Lula tinha 30% contra
27% de Serra. No segundo turno,
o prefeito paulistano bateria o
presidente por 50% a 36%.
No Datafolha, os entrevistados
que avaliaram o governo como
"ótimo ou bom" foram 28% do
total, fatia igual à do levantamento de outubro. A avaliação "regular" oscilou de 42% para 41%, enquanto o índice de "ruim ou péssimo" variou de 28% para 29%.
Na opinião de Lula e dos principais auxiliares, a pesquisa reflete a
crise política que começou perto
do início do ano, com as dificuldades que o governo enfrentou
no Congresso.
Agravou-se em junho, quando
o então presidente do PTB, Roberto Jefferson, revelou em entrevista à Folha o "mensalão" e a
atuação da dupla Marcos Valério-Delúbio Soares.
Dilma deverá falar da intenção
de acelerar gastos em investimentos (obras e projetos novos) já no
primeiro bimestre. Ciro tratará de
infra-estrutura.
Já Palocci dirá que a economia
voltará a crescer em ritmo forte.
Wagner tratará das prioridades
do governo na convocação extraordinária do Congresso que
Lula não desejava. E Márcio Thomaz Bastos deverá dar informes
sobre investigações do governo
em curso na crise.
Texto Anterior: Eleições 2006/Presidência: "Lula sabia, não haveria como desconhecer" Próximo Texto: Escândalo do "mensalão"/Partido em crise: Intelectuais do PT querem "virada política" Índice
|