São Paulo, domingo, 18 de dezembro de 2005
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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O PUBLICITÁRIO Segundo auditoria, serviços da agência de Valério, pagos pelo Opportunity em 2004, só foram prestados após descoberta do "valerioduto" Brasil Telecom antecipou pagamento à SMPB
MARTA SALOMON DA SUCURSAL DE BRASÍLIA GUILHERME BARROS EDITOR DO MERCADO ABERTO Investigada pela CPI dos Correios como integrante do grupo de empresas que supostamente teriam abastecido o "valerioduto", a Brasil Telecom pagou antecipadamente R$ 3,5 milhões a uma das agências do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza por trabalhos não compatíveis com o valor acertado, segundo auditoria encomendada pela nova diretoria da empresa. A operação aparece entre os prejuízos que teriam sido causados pela administração anterior da Brasil Telecom, liderada pelo Grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas. Os trabalhos encomendados em julho de 2004 e pagos antecipadamente à SMPB só foram entregues quase um ano depois, quando as investigações do caixa dois do PT já estavam em curso, registra o relatório da auditoria. Suas conclusões foram encaminhadas à CPI dos Correios. Ao lado do Banco do Brasil, o Grupo Opportunity -via Telemig e Amazônia Celular, além da Brasil Telecom- aparece entre as principais fontes do dinheiro movimentado pela DNA Propaganda e a SMPB nos últimos cinco anos. Um dos maiores desafios da CPI é apurar se houve ou não prestação de serviços publicitários que justificassem pagamentos às agências do publicitário. O caso da Brasil Telecom chamou a atenção dos técnicos da CPI porque os pagamentos ocorreram sem a assinatura de contrato entre a empresa e as agências de Valério. A auditoria encomendada pela Brasil Telecom confirma: os serviços da SMPB foram encomendados pela ex-presidente da empresa Carla Cico, "sem a ciência ou participação dos funcionários da área de marketing". Entre os serviços pelos quais a Brasil Telecom pagou antecipadamente R$ 3,5 milhões está a identificação de oportunidades para o desenvolvimento de programa de eventos para a captação de novos clientes corporativos, a atualização do planejamento estratégico após as eleições municipais e até uma "varredura fotográfica" da cidade do Rio de Janeiro. "Estranhamente", registra a auditoria, os trabalhos só foram enviados à área de marketing neste ano, "quando as indigitadas agências já eram alvo das mais variadas suspeitas, dentre elas a de receber por serviços inexistentes". Mais adiante, o relatório a que a Folha teve acesso afirma que os serviços não eram compatíveis com o preço cobrado pela SMPB: "A qualidade dos trabalhos ficou muito aquém do razoável, não fazendo jus aos significativos valores que por eles foram pagos". Ouvido pela Folha na noite de sexta-feira, o publicitário mineiro afirmou que é "muito subjetiva" a análise de qualidade dos serviços prestados à Brasil Telecom. Por meio de sua assessoria, Marcos Valério sugeriu que as conclusões da auditoria são parte da briga pelo comando da Brasil Telecom. O Citigroup e os fundos de pensão já disputavam com o Grupo Opportunity o controle da Brasil Telecom quando a então presidente Carla Cico assinou, em maio, contratos no valor de R$ 50 milhões com a DNA e a SMPB. O escândalo do "mensalão" estouraria logo depois. Os contratos foram suspensos em junho por causa do envolvimento das agências de Marcos Valério nas investigações do caixa dois do PT. Ainda de acordo com a auditoria entregue à CPI, esses contratos foram encaminhados à área de marketing pela ex-presidente Carla Cico "prontos e assinados, com a ordem para sua execução". Em depoimento à CPI dos Correios em novembro, Carla Cico falou da suspensão dos contratos em decorrência do surgimento de denúncias contra as agências de Valério e disse que, entre 2003 e 2005, a Brasil Telecom pagou R$ 4,479 milhões por serviços prestados pela DNA e a SPMB. Cico e Daniel Dantas não foram localizados ontem pela Folha. Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Escândalo do "mensalão"/O publicitário: Agência de Valério pagou despesas de deputados do DF Índice |
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