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PMDB vai engolir o PT em 2010, diz Quércia
Reeleito para comandar o diretório paulista do partido, ex-governador afirma que PMDB se aliou a Lula, não à sigla do presidente
Quércia afirma que a união
em torno de Lula serve para
fortalecer a sigla, que tem
como objetivo lançar nome
à Presidência em 2010
LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O ex-governador Orestes
Quércia, 68, foi reeleito ontem
para dirigir o diretório do
PMDB paulista por mais dois
anos. Quércia disse que suas tarefas para o próximo biênio serão
a de aumentar o número de
prefeitos da sigla em São Paulo
nas eleições de 2008 e ter candidato próprio à Presidência da
República em 2010.
É a terceira
vez consecutiva que Quércia,
derrotado na eleição ao Palácio
dos Bandeirantes neste ano,
comandará o diretório paulista.
Questionado se a coalizão em
torno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pode prejudicar esses objetivos, já que o
PT, sigla de Lula, também quer
crescer em São Paulo e se manter no Palácio do Planalto,
Quércia afirmou: "Acho que o
PMDB vai acabar engolindo o
PT. Eleitoralmente, o PMDB
tem tudo para superar o PT na
eleição presidencial, nas eleições futuras".
Em seguida, concluiu. "Nós
temos um quadro que até o presidente aceita, que é o PMDB se
fortalecer. Eu respeito muito o
PT, claro, mas o jogo nosso é
para fortalecer o partido."
Apesar de o dicionário descrever coalizão como "acordo
de partidos políticos para um
fim comum", o ex-governador
de São Paulo explicou que o
PMDB vai "engolir" o PT porque a união da sigla não é para
apoiar o partido do presidente,
mas apenas o presidente.
"Nós estamos fazendo uma
coalizão com o presidente Lula,
não com o PT", disse Quércia.
"Temos ambições de fazer dentro do PMDB a unidade para
lançarmos candidato a presidente. O partido só se fortalece
com candidatos", concluiu.
Cargos e ministérios
Na eleição de ontem, Quércia
venceu o deputado estadual
Jorge Caruso por 532 a 332 votos. A chapa de Caruso defendia
a independência em relação ao
governo federal. Com a vitória,
Quércia conquistou também a
executiva estadual da sigla e 17
delegados para a convenção nacional do partido. Caruso ficou
com nove delegados. A eleição
aconteceu em um hotel de
Quércia no centro da cidade.
A chapa vitoriosa foi apoiada
pelos deputados federais Michel Temer, presidente nacional do PMDB, e por Delfim
Netto, cotado para assumir um
ministério da área econômica a
partir do ano que vem.
Questionado sobre o assunto, Delfim disse que nunca foi
"cotado para nada" e que Lula
"tem toda a liberdade para fazer o seu ministério".
Já Temer disse que o acordo
com Lula não passa por cargos,
mas que o partido está à disposição do presidente. "A coalização está se formando em cima
de projetos, que é a primeira fase. A segunda é a da execução.
Se no momento da execução o
presidente entender que deve
chamar pessoas do PMDB, ele
deve chamar."
Questionado se Delfim era
um nome que agradava ao partido, Temer se esquivou.
"Quando surgir o convite para
qualquer membro do PMDB,
vamos examinar. Delfim é um
nome respeitável. É claro que
as bancadas na Câmara e no Senado desejarão examinar os
nomes e vamos democratizar
na escolha dos ministros."
Impedido de concorrer em
outubro à Presidência da República pelo PMDB nacional e
com relações frias com o novo
governador do Estado, Sérgio
Cabral, o ex-governador do Rio,
Anthony Garotinho, foi reconduzido ontem à presidência do
partido no Rio.
Sem mandato, Garotinho
permanece na função enfraquecido e isolado, cercado por
ex-aliados, hoje ligados a Cabral. O cargo é uma espécie de
prêmio de consolação para o
político, ex-governador do Estado e marido da atual governadora, Rosinha Garotinho.
O casal Anthony e Rosinha
Garotinho irritou-se com o sucessor na campanha, por considerar que ele criticou demais
suas gestões e evitou defendê-los. Como represália, Rosinha
não reajustou o IPVA para
2007, mas depois recuou. O relacionamento, porém, está deteriorado.
Na nova composição, o vice-presidente do diretório passa a
ser o futuro líder do governo,
Paulo Melo, aliado de Cabral,
assim como o secretário-geral,
o presidente da Alerj, Jorge
Picciani, e o segundo secretário, Carlos Alberto Muniz.
A recondução de Garotinho
ao cargo faz parte de acordo anterior às eleições. Sua filha e
presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Clarissa Matheus, passa a integrar o diretório, como terceira-secretária.
Sem poder e com a mulher,
Rosinha, saindo do governo,
Garotinho está vendo seus aliados migrarem para o lado de
Sérgio Cabral, atualmente o
nome forte do PMDB no Estado.
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