|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mantega diverge de novo de Lula sobre pacote pós-CPMF
Presidente diz não haver pressa para anúncio; ministro prevê anúncio até fim de semana
Segundo Lula, fim do tributo
"não é o fim do mundo';
presidente volta a negar
que haverá alterações em
programas sociais e no PAC
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
RODRIGO RÖTZSCH
ENVIADO ESPECIAL A MONTEVIDÉU
Em seu programa semanal
de rádio, "Café com o Presidente", Luiz Inácio Lula da Silva
disse não haver "nenhum motivo" para "anunciar medidas de
forma extemporânea, para
anunciar novos impostos".
Gravado na tarde de anteontem, o programa foi veiculado
na manhã de ontem, em quatro
horários (6h, 7h, 8h e 13h). Por
volta das 10h, em Montevidéu,
o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, anunciava que até o
fim desta semana o governo deverá divulgar "medidas emergenciais" para absorver o impacto sobre as contas públicas
do fim da CPMF.
Mantega afirmou: "O anúncio das medidas emergenciais,
ou seja, a redução de gastos, alguma modificação de tributos,
deverá ser até o final da semana, se nós considerarmos que
elas estão amadurecidas". A declaração foi dada no lobby do
hotel onde o ministro se hospedou no Uruguai para participar
da reunião do Conselho do
Mercado Comum do Mercosul.
Ele, não quis, porém, antecipar o teor dessas medidas. "As
medidas estão em estudo. Só ficarão prontas mais para o final
da semana e só aí que nós anunciaremos. Até lá não temos nada para dizer a respeito."
No domingo, Lula havia desautorizado declarações dadas
por Mantega nos dias anteriores. O presidente negou que o
governo tenha decidido criar
um novo imposto para substituir a CPMF e que investimentos do PAC e em programas sociais poderiam ser revistos.
Ontem, o ministro negou que
as declarações de Lula tenham
sido uma repreensão a ele.
"O presidente não fez reclamação. Isso é uma interpretação dos jornais", disse. "Para
um novo instrumento tributário, não [defendi que se editasse
uma MP], porque é constitucionalmente impossível. Eu jamais falaria isso. Criaram um
factóide que não condiz com
aquilo que eu tinha falado."
Questionado se vai haver aumento de impostos, Mantega
respondeu: "Não há nenhuma
definição em relação às medidas até agora, então não adianta a gente fazer especulação. É
claro que vai haver redução de
despesa, mas ainda não temos
claro onde vai ser".
Receita e despesa
No rádio, Lula afirmou: "Não
há nenhum motivo para qualquer precipitação, não há nenhum motivo para anunciar
medidas de forma extemporânea", afirmou Lula. "Obviamente, nós vamos ter que arrumar uma grande parte desses
recursos, e eu não vou permitir
que nada, absolutamente nada,
atrapalhe os bons momentos
que vive o Brasil."
O presidente afirmou ainda:
"Nós vamos tomar todas as medidas para que a gente não mexa no PAC, para que a gente não
mexa nas políticas sociais".
Ontem, Mantega alinhou o
discurso ao de Lula no que diz
respeito a cortes no PAC e em
gastos sociais. Afirmou que as
medidas "estão sendo estudadas para que causem o menor
dano possível para a economia,
de modo que não afetem o crescimento, não afetem programas sociais".
O presidente disse que a extinção da CPMF não é o "fim do
mundo" e afirmou que conversará com a equipe econômica
para que "possa tomar as atitudes mais maduras possíveis,
sem nenhum atropelo".
O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse ontem
que a derrubada da CPMF vai
exigir uma "engenharia" da
equipe econômica para "tentar
acomodar os programas sociais
e o equilíbrio fiscal".
Colaborou a Agência Folha, em Curitiba
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Cortes atingirão os três Poderes, afirma deputado Índice
|