São Paulo, terça-feira, 18 de dezembro de 2007

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Mantega diverge de novo de Lula sobre pacote pós-CPMF

Presidente diz não haver pressa para anúncio; ministro prevê anúncio até fim de semana

Segundo Lula, fim do tributo "não é o fim do mundo'; presidente volta a negar que haverá alterações em programas sociais e no PAC

FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

RODRIGO RÖTZSCH
ENVIADO ESPECIAL A MONTEVIDÉU

Em seu programa semanal de rádio, "Café com o Presidente", Luiz Inácio Lula da Silva disse não haver "nenhum motivo" para "anunciar medidas de forma extemporânea, para anunciar novos impostos".
Gravado na tarde de anteontem, o programa foi veiculado na manhã de ontem, em quatro horários (6h, 7h, 8h e 13h). Por volta das 10h, em Montevidéu, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciava que até o fim desta semana o governo deverá divulgar "medidas emergenciais" para absorver o impacto sobre as contas públicas do fim da CPMF.
Mantega afirmou: "O anúncio das medidas emergenciais, ou seja, a redução de gastos, alguma modificação de tributos, deverá ser até o final da semana, se nós considerarmos que elas estão amadurecidas". A declaração foi dada no lobby do hotel onde o ministro se hospedou no Uruguai para participar da reunião do Conselho do Mercado Comum do Mercosul.
Ele, não quis, porém, antecipar o teor dessas medidas. "As medidas estão em estudo. Só ficarão prontas mais para o final da semana e só aí que nós anunciaremos. Até lá não temos nada para dizer a respeito."
No domingo, Lula havia desautorizado declarações dadas por Mantega nos dias anteriores. O presidente negou que o governo tenha decidido criar um novo imposto para substituir a CPMF e que investimentos do PAC e em programas sociais poderiam ser revistos.
Ontem, o ministro negou que as declarações de Lula tenham sido uma repreensão a ele.
"O presidente não fez reclamação. Isso é uma interpretação dos jornais", disse. "Para um novo instrumento tributário, não [defendi que se editasse uma MP], porque é constitucionalmente impossível. Eu jamais falaria isso. Criaram um factóide que não condiz com aquilo que eu tinha falado."
Questionado se vai haver aumento de impostos, Mantega respondeu: "Não há nenhuma definição em relação às medidas até agora, então não adianta a gente fazer especulação. É claro que vai haver redução de despesa, mas ainda não temos claro onde vai ser".

Receita e despesa
No rádio, Lula afirmou: "Não há nenhum motivo para qualquer precipitação, não há nenhum motivo para anunciar medidas de forma extemporânea", afirmou Lula. "Obviamente, nós vamos ter que arrumar uma grande parte desses recursos, e eu não vou permitir que nada, absolutamente nada, atrapalhe os bons momentos que vive o Brasil."
O presidente afirmou ainda: "Nós vamos tomar todas as medidas para que a gente não mexa no PAC, para que a gente não mexa nas políticas sociais".
Ontem, Mantega alinhou o discurso ao de Lula no que diz respeito a cortes no PAC e em gastos sociais. Afirmou que as medidas "estão sendo estudadas para que causem o menor dano possível para a economia, de modo que não afetem o crescimento, não afetem programas sociais".
O presidente disse que a extinção da CPMF não é o "fim do mundo" e afirmou que conversará com a equipe econômica para que "possa tomar as atitudes mais maduras possíveis, sem nenhum atropelo".
O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse ontem que a derrubada da CPMF vai exigir uma "engenharia" da equipe econômica para "tentar acomodar os programas sociais e o equilíbrio fiscal".


Colaborou a Agência Folha, em Curitiba


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