São Paulo, terça-feira, 18 de dezembro de 2007

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"Ministro Patrus não tem qualificação para falar da transposição", diz bispo

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SOBRADINHO (BA)

Oito quilos mais magro e com sangramento nos lábios, o bispo de Barra (BA), d. Luiz Cappio, 61, disse ontem, em Sobradinho, que o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) é "desqualificado" e "desinformado" para falar sobre a transposição das águas do rio São Francisco.
As críticas foram uma resposta à entrevista do ministro à Folha publicada ontem. Patrus disse que o bispo tem sido "intransigente" e que seu protesto é um extremo "inaceitável". Afirmou que é favorável à transposição e que o jejum dificulta negociações.
"Fiquei muito decepcionado com as declarações dele", disse. "Sempre tive o ministro em altíssima conta, mas ele demonstrou total falta de idoneidade para poder falar sobre o assunto." Dom Luiz disse ainda que Patrus é "totalmente alheio à situação do rio e dos movimentos sociais".
Ontem, pela primeira vez desde o início da greve, o bispo não celebrou a missa no fim da tarde na Igreja de São Francisco. Ele só acompanhou a cerimônia, usando um travesseiro para amparar a cabeça. Pela manhã, alegou cansaço e deixou de descansar à sombra de uma árvore pela primeira vez desde o começo do jejum. D. Luiz disse ao médico que o acompanha, frei Klaus Finkan, que sentia dores de cabeça e fraqueza.
Em boletim, Finkan informou que ele apresenta "certa fragilidade" em seu estado geral, mas que está "lúcido" e sem problemas neurológicos. Ainda segundo a nota, d. Luiz "se expressou firme no propósito de continuar o jejum".
Segundo o médico, o sangramento na boca é resultado do ressecamento dos lábios. Ele suspendeu a ingestão do soro caseiro e determinou que d. Luiz beba apenas água. "Ele não está desidratado nem com diarréia." Para controlar e prevenir os problemas, a família do bispo usa métodos "naturais". Ele é submetido duas vezes por dia a um "escalda-pés", que visa manter o bom funcionamento dos rins. A pressão arterial é verificada ao menos duas vezes por dia. Quando está baixa, o bispo tem os braços mergulhados em água gelada.
Cerca de cem pessoas estão em vigília em Sobradinho. Em Porto Alegre, um grupo de seis ambientalistas ligado ao Conselho Indigenista Missionário e ao PSOL começou um jejum solidário de 48 horas.


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