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Abin deve esclarecer uso de carro de luxo
Assessor Porciúncula, "fiel depositário" do carro de luxo apreendido com traficante, foi flagrado usando veículo para ir de casa ao trabalho
Juiz quer saber se cabe esse uso do carro; Abin diz que delegado foi autorizado a continuar como depositário após transferência da PF
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O juiz federal Sérgio Moro
pedirá à Abin (Agência Brasileira de Inteligência) "esclarecimentos" sobre o uso que vem
sendo feito de um veículo
BMW-X5 pelo delegado federal
e hoje assessor especial do órgão Renato Porciúncula.
Segundo reportagem de ontem do jornal "Correio Braziliense", o delegado "guarda o
luxuoso automóvel na garagem
de casa, no Lago Norte, e o usa
para se deslocar até o trabalho,
no Setor Policial Sul".
Avaliado em R$ 296,5 mil, o
carro faz parte de uma frota de
13 veículos de luxo que pertenciam ao traficante Luciano Geraldo Daniel, preso na Operação Ícaro, em julho de 2006.
A pedido da PF, com autorização do juiz Sérgio Moro, titular da 2ª Vara da Justiça Federal no Paraná, o carro foi colocado à disposição das autoridades policiais para uso no combate ao crime e também para
representação institucional.
Na ocasião, Renato Porciúncula, então diretor de Inteligência Policial da PF, foi designado como responsável ("fiel
depositário") pelo veículo.
Procurado pela Folha, o juiz
Moro disse que, quando da mudança da função pública de
Porciúncula, foi-lhe autorizado
continuar como fiel depositário do veículo. Porém, ainda de
acordo com o magistrado, serão pedidos esclarecimentos
sobre o uso que vem sendo dado ao carro. Ou seja, a Abin deverá esclarecer se cabe ou não
usar o carro para ir de casa ao
trabalho e vice-versa.
Em nota oficial divulgada
ontem, a Abin informou que,
diante da transferência do delegado, a agência obteve autorização para que Porciúncula
permanecesse na condição de
"fiel depositário" do veículo.
Feito o pedido formal da
agência, diz a nota, "o meritíssimo juiz Sérgio Moro disse,
em sua conclusão, que as atribuições da Abin incluem: a defesa do Estado Democrático de
Direito e a salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado e, portanto, podem compreender a produção de conhecimentos de inteligência a respeito da atividade de tráfico de
drogas lesiva à sociedade".
Ainda segundo a nota, a
"Abin aguarda a decisão final
do processo para a incorporação definitiva do veículo".
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