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Aécio desiste da Presidência e amplia pressão sobre Serra
Em pronunciamento, governador não cita paulista nem candidatura ao Senado
Aliados de mineiro dizem que ele decidiu no início da semana; em nota, tucano alfineta Serra e critica PT por apostar na "divisão" do país
Sérgio Lima - 23.nov.07/Folha Imagem
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Aécio Neves, Fernando Henrique
Cardoso e José Serra participam
de evento do PSDB
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, anunciou ontem que desistiu de disputar a
indicação do PSDB para concorrer à Presidência da República em 2010. Com isso, antecipa a pressão sobre o outro
pré-candidato, o governador de
São Paulo, José Serra, que pretendia adiar para março do ano
que vem a definição sobre a
candidatura tucana.
A decisão, noticiada ontem
em primeira mão pelo colunista da Folha Fernando de Barros e Silva, foi anunciada por
Aécio num pronunciamento de
sete minutos em que leu uma
nota com alfinetadas no PT e
no próprio Serra, que não teve
seu nome citado nenhuma vez.
No texto, o mineiro faz uma
cronologia do processo de discussão interna do PSDB sobre
a sucessão. Diz que defendeu a
realização de prévias, que, a seu
ver, levariam o partido a "fortalecer sua identidade", sem sucesso.
Lembra que pretendia
antecipar a decisão para este
ano por achar que "uma construção com essa dimensão e
complexidade não poderia ser
realizada às vésperas da eleição". De novo, não teve êxito.
"Deixo a partir deste momento a condição de pré-candidato do PSDB à Presidência
da República, mas não abandono minhas convicções e minha
disposição para colaborar, com
meu esforço e minha lealdade",
diz o texto, sem, no entanto,
mencionar o nome de Serra.
Com a saída de Aécio de cena, as pressões se voltaram para que o paulista antecipe sua
decisão. No início da noite, Serra divulgou nota em que elogia
Aécio, diz que ele teria "todas
as condições" de ser candidato
a presidente, mas não fala sobre a própria pré-candidatura.
A desistência de Aécio foi oficializada no Palácio da Liberdade, sede do governo mineiro.
A carta lida tinha sido entregue
pela manhã ao presidente e ao
secretário-geral do partido, senador Sérgio Guerra (PE) e deputado federal Rodrigo de Castro (MG).
Porta aberta
Na nota, Aécio não explicita
que será candidato ao Senado,
como vinha dizendo nos últimos meses. Diz apenas que a
decisão lhe permite "novas reflexões sobre o futuro".
A omissão foi lida por seus
aliados como uma porta aberta
para voltar a pleitear a candidatura presidencial, caso Serra
não se decida logo ou prefira
disputar a reeleição ao governo
estadual, hipótese considerada
hoje pouco provável.
Para os
serristas, fica uma brecha, também, para que ele seja vice numa chapa "puro-sangue".
As estocadas em Serra no
texto são sutis, mas perceptíveis. Aécio reafirmou que sua
candidatura traria "um perfil
de alianças mais amplo", argumento que usou o tempo todo
no debate interno. Diz, ainda,
que, se não é possível "controlar" o "tempo da política", não
se pode, por outro lado, ser "refém" dele, numa referência à
resistência de Serra em antecipar a decisão no PSDB.
Já as críticas ao PT foram
mais incisivas. Aécio diz, na nota, que o PSDB deve estar preparado para responder à "autoritária armadilha do confronto
plebiscitário e ao discurso que
perigosamente tenta dividir o
país ao meio, entre bons e
maus, entre ricos e pobres".
Na semana passada, o PT levou ao ar uma propaganda partidária com críticas abertas ao
PSDB e com vinhetas que diziam que os tucanos governaram "para os ricos", enquanto
Lula governaria "para todos".
Antes do pronunciamento
Aécio conversou por telefone
com Serra e com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, durante reunião de mais de
quatro horas com Guerra e Rodrigo de Castro no Palácio das
Mangabeiras, sua residência
oficial. Serra, que soube da decisão na véspera, foi convidado
para o pronunciamento.
Sempre sem citar Serra, Aécio declarou seu comprometimento com os caminhos que o
partido tomar. Segundo aliados, o governador mineiro tomou a decisão no início da semana. Por isso não fazia mais
sentido "levar isso à frente por
mais 15 dias apenas para manter um suspense que não existia para ele", disse Castro.
Além disso, o cancelamento
de um encontro no Piauí teria
contrariado Aécio. Na reunião
com Guerra, ele avisou: "Não
me venham com a vice".
A possibilidade de uma reviravolta foi escancarada por
Castro: "É claro que em política
tudo é possível. O governador
José Serra não anunciando sua
candidatura, nós teremos que
conversar com o governador
Aécio". Segundo ele, uma menção a Serra no discurso seria
um "ato de deselegância".
Castro acrescentou que se
espera agora a declaração de
Serra. "É lógico que o partido
agora espera uma decisão."
(BRENO COSTA E CATIA SEABRA)
Leia a íntegra da nota de
Aécio Neves
www.folha.com.br/093513
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