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FHC demite Elcio Alvares
e escolhe Geraldo Quintão
Sérgio Lima/Folha Imagem
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O ministro da Defesa, Elcio Alvares, ao sair de encontro com FHC |
Crise derruba ministro, que reafirma lealdade ao governo
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Porta-voz fala que presidente tem total confiança no escolhido
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WILLIAM FRANÇA
AUGUSTO GAZIR
da Sucursal de Brasília
O advogado-geral da União,
Geraldo Magela da Cruz Quintão,
63, é o novo ministro da Defesa.
Ele vai substituir o ex-senador Elcio Alvares, demitido ontem pelo
presidente Fernando Henrique
Cardoso depois de um processo
de desgaste que se arrastava desde
o final do ano passado.
O nome de Quintão foi anunciado ontem pelo porta-voz da
Presidência da República, George
Lamazière, no início da noite. "O
presidente escolheu o advogado-geral por sua competência profissional, experiência e conhecimento do Estado brasileiro. Ele goza
da inteira confiança e proximidade do presidente", afirmou.
O novo ministro da Defesa é mineiro e está na Advocacia Geral da
União desde 5 de julho de 1993,
no governo Itamar Franco.
Na semana passada, Quintão
deu parecer favorável à venda de
20% das ações da Embraer para
um consórcio de empresas francesas, operação que é contestada
por militares da Aeronáutica.
O anúncio provocou surpresa,
já que Geraldo Quintão não integrava a lista de cotados para substituir Elcio Alvares. Nesta lista,
constavam os nomes do ex-ministro do STF (Supremo Tribunal
Federal) Célio Borja e do atual ministro do STF Nelson Jobim, que
teria inclusive sido convidado e
recusado o posto. Outro nome
cotado era o do ministro do Supremo Sydney Sanches, além do
empresário Roberto Gusmão.
Entre os motivos apontados para a escolha de Quintão por pessoas próximas ao presidente estão
a confiança que o presidente tem
nele e seu hábito de evitar a superexposição na imprensa, considerado ideal para o cargo por FHC.
Entre os militares, a escolha de
Quintão só começou a ser difundida no começo da noite. As primeiras reações, segundo a Folha
apurou, também foram de surpresa.
Alvares esteve com FHC durante quase uma hora, no Palácio da
Alvorada, e, na saída, às 16h20,
afirmou que o presidente pediu
que ele saísse do governo pois
"necessitava do cargo".
A demissão de Alvares ocorreu
mais de três meses após surgirem
as primeiras acusações de seu suposto envolvimento com narcotraficantes, que custaram no final
de dezembro o cargo do então comandante da Aeronáutica, Walter Werner Bräuer.
Nesse período, FHC reconfirmou Alvares pelo menos duas vezes, mas ontem, aconselhado por
integrantes do PSDB, decidiu antecipar o afastamento do ministro. Às 18h30, o porta-voz da Presidência afirmou que o presidente
pretendia anunciar o nome do
novo ministro somente hoje.
Meia hora depois, Lamazière
convocou novamente os jornalistas para anunciar o nome de
Quintão como o substituto de Alvares.
O porta-voz não quis comentar
os motivos da substituição e nem
tampouco fez comentários sobre
o comportamento do ministro ou
agradeceu a sua colaboração no
governo, como costuma fazer.
Até a nomeação oficial de seu
substituto, Alvares permanecerá
à frente da pasta. "Eu acho que é
meu dever, como homem público, permanecer no cargo aguardando aquele que vai me substituir", afirmou o ministro.
FHC comunicara Alvares que
ele estava fora do ministério pela
manhã. O ministro entrou no Alvorada sisudo, às 15h10, mas saiu
sorridente. "Eu não tive dúvida de
colocar para ele, com muita franqueza, que eu saía do ministério
mais admirador, mais companheiro e consciente de que o presidente cumpriu o seu papel."
Alvares afirmou que FHC não
disse os motivos pelos quais pedia
o seu afastamento. "Ele não apresentou justificativas, mas ele não
precisa dar nenhuma explicação.
Nós somos tão amigos que uma
palavra, um gesto dele, seria compreensível", afirmou o ministro.
Ele completou: "E, em determinados momentos, por causa da situação política, não compete a você indagar razões ou motivos. Você tem de ter a grande compreensão do momento que você está vivendo. E eu estou tendo essa compreensão, agora".
Alvares afirmou que não saiu
com mágoas de FHC ou de colegas de ministério. "Eu saio inteiramente sem qualquer tipo de
mágoa. Saio sereno, tranquilo e
consciente de uma coisa: quando
se é digno, tem sempre um campo
profissional para trabalhar."
"Quero deixar claro que a minha amizade com o presidente, se
era grande, será maior ainda. Disse sempre que da mesma maneira
que ele me nomeava, o presidente
poderia me demitir. Deixei claro
que ele era o árbitro supremo."
Em certo momento de sua entrevista, Alvares disse que administrativamente seria melhor para
FHC que ele fosse afastado para
evitar que o presidente continuasse "no tumulto do noticiário".
O ministro disse que pretende
largar a vida pública e não descartou voltar a trabalhar no escritório de advocacia que mantinha
em Vitória, no Espírito Santo,
com a ex-sócia e ex-assessora pessoal Solange Antunes Resende
-também afastada em dezembro do Ministério da Defesa sob
acusação de trabalhar em favor de
narcotraficantes.
"Eu sou um profissional de 45
anos de atividades e tenho uma
folha muito bonita como profissional. Eu vou voltar com a maior
humildade. Sou jornalista, sou
professor e sou advogado. Eu tenho três grandes e bonitas alternativas para continuar", afirmou.
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