NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

Renato Machado ancorou debate sobre a fusão AOL Time Warner, anteontem na Globo News. Perguntas dele, ecoando a angústia no ar:
- Levando para o lado do sistema de dominação que pode aparecer aí, isso seria a versão moderna do Big Brother? Como é que fica a independência dos jornalistas?
É curioso, vindo da Globo, mas o que importa é a AOL Time Warner. A CNN, parte do novo conglomerado, entrevistou ontem longamente seu fundador, Ted Turner. Fez perguntas parecidas:
- Como pode ser mantida a integridade jornalística em tão imensa corporação?
As respostas, na CNN como na Globo News, misturaram chavões de jornalismo à mais sincera perplexidade.
A angústia com a era aberta pela AOL Time Warner, com seu espectro de Big Brother, tem duas vertentes maiores, que não foram explicitadas por CNN e Globo.
É evidente que haverá milhares de sites de informação, mas talvez só uns poucos tenham ligação com as linhas mais rápidas -como aquelas do cabo da Time Warner.
De outro lado, ainda mais orwelliano, a união AOL Time Warner faz da corporação um banco de dados monstruoso -com dados de todo tipo, sobre todos os que se aventurarem em sua rede.
É a interação que o Jornal da Globo descrevia anteontem, sorrindo, como o melhor dos mundos, no comércio:
- A alma humana parece não ser mais segredo para a máquina...

Dias antes da fusão, o presidente da Time Warner participou de um debate na CNN em que disse que a mídia está se tornando mais importante do que os governos:
- Será preciso redefinir as corporações como instrumentos de serviço público.
As corporações no lugar dos Estados.

E-mail: nelsonsa@uol.com.br


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