|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELDORADO DO CARAJÁS
Juiz holandês vai pedir que absolvição de policiais seja cancelada
Corte quer cancelar julgamento
da Agência Folha, em Belo Horizonte
O juiz holandês Hans van Agglen, designado como observador
pela Corte Interamericana de Justiça, da OEA (Organização dos
Estados Americanos), encerrou
ontem uma visita de três dias ao
país convencido de que o julgamento que absolveu três oficiais
da Polícia Militar da morte de 19
sem-terra em Eldorado do Carajás (PA) precisa ser cancelado.
Segundo a assessoria da Procuradoria Geral de Justiça do Pará,
Agglen disse, antes de retornar
ontem à Europa, que pedirá o
cancelamento do julgamento no
relatório que enviará à corte, da
qual o Brasil é signatário.
O massacre ocorreu em 1996,
quando os sem-terra foram mortos em ação de desocupação feita
pela PM paraense. O coronel Mário Pantoja, o major José Maria
Oliveira e o capitão Raimundo Almendra Lameira foram inocentados em agosto passado. O Ministério Público recorreu alegando
irregularidades no julgamento.
Van Agglen é membro do Alto
Comissariado da Organização
das Nações Unidas para a Proteção dos Direitos Humanos e, como fala português fluentemente,
veio ao Brasil como observador
da corte interamericana.
Ele levou consigo relatórios sobre o processo, que lhe foram entregues pelo procurador-geral de
Justiça do Pará, Geraldo Rocha, e
pelo presidente do Tribunal de
Justiça do Estado, José Alberto
Soares Maia.
O advogado Marcelo Freitas,
presidente da Sociedade Paraense
de Defesa dos Direitos Humanos
que atua como assistente de acusação no julgamento, disse que a
corte pode citar o Brasil devido à
morosidade do processo, mas
não pode determinar sanções.
"Com base nas decisões da corte, os organismos multilaterais de
financiamento, como o Banco
Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, podem
vetar alguns financiamentos."
O presidente do Tribunal do Pará, José Alberto Soares Maia, afirmou que não acredita que o país
sofra alguma sanção, porque o
processo está tramitando de acordo com a legislação brasileira, que
permite a apresentação de vários
recursos pelas partes envolvidas.
O recurso do Ministério Público
que pede a anulação do julgamento deve ser julgado em fevereiro
pela Justiça do Pará. As sessões
sobre o caso estão suspensas desde 20 de agosto de 99, quando o
promotor Marco Aurélio do Nascimento deixou a tribuna.
Segundo o desembargador José
Alberto Maia, com a apreciação
do recurso em fevereiro, a retomada das sessões pode ocorrer
em março, quando vão ser julgados 147 policiais.
Texto Anterior: Judiciário: Senadores criticam parecer sobre Estevão Próximo Texto: Como está a CPI do Narcotráfico Índice
|