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Texto final cobra compromisso democrático
Documento da Cúpula do Rio reitera pacto de consolidar o regime semanas após Hugo Chávez anunciar reeleições ilimitadas
Reforma do Conselho de Segurança da ONU, onde o Brasil tenta obter assento
permanente, e Rodada Doha também são citadas
ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
O comunicado conjunto da
32ª Reunião de Cúpula do Mercosul começa com uma reiteração do compromisso com a
consolidação democrática na
região, semanas depois de o
presidente Hugo Chávez anunciar nacionalização de empresas, não-renovação de um canal
de televisão e reeleições ilimitadas para ele próprio.
O texto com 31 ítens, obtido
pela Folha, será divulgado hoje
e abre dizendo que os presidentes dos países membros ou
associados ao Mercosul "reiteraram o firme compromisso de
seus governos com a consolidação democrática e o respeito
aos direitos humanos".
Já no item dois, eles "manifestam satisfação" pelas eleições no Equador e na própria
Venezuela, "que confirmaram
o compromisso da região com
os valores democráticos e com
a promoção do desenvolvimento econômico, da participação
social e o bem-estar em favor
de todos os cidadãos".
Há também referência às assimetrias entre os países do
bloco, defendendo que os acordos comerciais "devem assegurar facilidades ampliadas de
acesso a mercados para a oferta
exportável dos países de menor
desenvolvimento relativo".
O parágrafo 15 contém um
agrado para o Brasil, que tem
entre suas prioridades na política externa obter um assento
permanente no Conselho de
Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
Os presidentes manifestam
"a importância de seguir envidando esforços no sentido de
promover a necessária reforma
do Conselho (...), tornando-o
mais democrático, representativo e transparente".
Reconheceram a "urgente
necessidade" de concluir negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio, que, entre outras coisas, visa reduzir subsídios à agricultura que prejudicam países em
desenvolvimento. As negociações chegaram a um impasse
em 2006, mas devem ser retomadas já no início deste ano.
O texto será submetido formalmente hoje aos presidentes
em nova reunião, podendo sofrer pequenos reparos de forma, dificilmente de conteúdo.
Mercocéticos
Ao abrir a reunião de chanceleres ontem, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, dedicou a maior parte de
seus dez minutos de discurso
para elogiar a entrada da Venezuela no Mercosul e fazer referências elogiosas à Bolívia, que
se candidata a integrar o bloco.
Lembrou que o mercado do
Mercosul era de US$ 4 bilhões
ou US$ 5 bilhões e hoje já está
em US$ 25 bilhões, num crescimento raro, sobretudo em grupos de países em desenvolvimento. "A Venezuela traz um
aporte muito importante para
o Mercosul, não só pela importância do país, das mudanças
sociais que lá ocorrem e pela
importância que tem seu engajamento com a integração sul-americana mas também pela
percepção clara, pela primeira
vez, de que o Mercosul não é
apenas um acordo do Cone Sul,
mas uma integração de toda a
América do Sul".
"Os mercocéticos ou mercocríticos se inquietam quando
vêem algo como a entrada da
Venezuela, e o nosso bloco está
se fortalecendo", disse ele.
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