São Paulo, sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

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Para procuradores, doação é prova contra Jungmann

Agência doou R$ 20 mil; deputado nega ilicitude

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os procuradores Raquel Branquinho e José Alfredo de Paula Silva, responsáveis pela ação de improbidade contra o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), fizeram um aditamento à ação anteontem para que a informação da doação de R$ 20 mil da Artplan à campanha do deputado em 2002 passe a constar do processo.
"O interesse em doar dinheiro para o réu Raul Jungmann é óbvio: trata-se de retribuir os ilícitos benefícios recebidos na execução contratual", escreveram os procuradores.
Os procuradores acusam Jungmann de chefiar esquema que teria desviado R$ 33 milhões do Ministério de Desenvolvimento Agrário entre 1998 e 2002, no governo FHC, quando comandou a pasta.
As fraudes estariam em gastos de publicidade do Incra, órgão subordinado ao ministério. Entre 2001 e 2002, o Incra fechou contratos com a Artplan de R$ 8,85 milhões.
Em 2002, a Artplan só fez doações a Jungmann e a Rubem Medina, sócio da agência.
Anteontem, um dia após anunciar que queria ser investigado, Jungmann ajuizou reclamação no Supremo Tribunal Federal por conta da ação.
De acordo com os procuradores, a intenção do deputado é obter decisão que o livre de ser processado por improbidade.
"Jungmann informou que desejava ser processado até o final para que sua inocência fosse provada. Infelizmente, seus atos demonstram que ele não deseja ser investigado, processado e julgado pela Justiça Brasileira", afirmaram os procuradores, por meio de nota.
Na segunda-feira, o deputado convocou entrevista na qual negou ter praticado irregularidades e disse que solicitara a seu partido e ao Conselho de Ética que o investigassem.

Outro lado
Jungmann disse que a Artplan participou de uma licitação absolutamente legal e lícita. "E a doação de R$ 20 mil feita para a minha campanha também foi feita de acordo com as regras da legislação eleitoral."
O deputado admitiu que seus advogados recorreram ao STF, mas disse que sua intenção de ser investigado no "campo político" permanece.
"Se o Supremo assim o entende, eu não vou reivindicar o que é um direito?", disse.
O advogado da Artplan, Carlos Leite, afirmou que não teve acesso ao autos do processo. "Mas temos certeza de que tanto a licitação quanto a doação para a campanha do deputado foram feitas dentro da lei." (LEONARDO SOUZA e ADRIANO CEOLIN)

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