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Tio de Lobão Filho usou procuração falsa
Neuton Lobão Filho assumiu a gestão da Bemar com documento que trazia assinatura falsificada de uma doméstica
Empregada registrou fraude em cartório ao descobrir que, além de sócia da firma, era responsável por uma dívida de R$ 12 milhões
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
HUDSON CORRÊA
ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUÍS
Um ano após Edison Lobão
Filho ter deixado o quadro societário da Bemar Distribuidora de Bebidas, seu tio Neuton
Barjona Lobão Filho tornou-se
gestor da empresa por meio de
uma procuração em nome da
empregada doméstica Maria
Lúcia Martins, usada como laranja. Neuton é irmão do novo
ministro de Minas e Energia,
Edison Lobão (PMDB-MA).
A procuração para Barjona
tinha uma assinatura falsificada de Maria Lúcia, segundo ela
mesmo declarou ao cartório
que expediu o documento em
1999. Maria Lúcia fez um termo de declaração ao cartório
em fevereiro de 2006 afirmando que a assinatura no documento não era dela: "Não reconhece como sua a assinatura
aposta na procuração", escreveu o tabelião do cartório.
Na época, Maria Lúcia já tinha descoberto que era sócia da
empresa e responsável por uma
dívida de R$ 12 milhões. A Folha obteve os documentos do
cartório.
Foi exatamente para a empregada que Lobão Filho, suplente de seu pai no Senado,
havia transferido sua participação na Bemar em 1998. Na
transferência de ações, a assinatura de Maria Lúcia também
foi falsificada, segundo laudo
da Polícia Federal. Em sua defesa, Lobão Filho diz que o uso
do nome de Maria Lúcia é de
responsabilidade de Marco Antonio Costa. Segundo o suplente do senador, Costa era "seu
verdadeiro sócio" na Bemar.
O Ministério Público investiga se Lobão Filho é sócio oculto
da distribuidora de bebidas Itumar, empresa envolvida em rede de sonegação de impostos
no Maranhão. A Itumar, segundo a Promotoria, sonegou R$
42 milhões desde 2000.
Ex-mulher de Costa e patroa
de Maria Lúcia, Maria Luiza de
Almeida diz que Lobão Filho
criou a Bemar como empresa
de fachada da Itumar. Segundo
ela, que foi sócia da Bemar no
mesmo período que Lobão Filho, Costa propôs a Lobão criar
a Bemar para regularizar a situação fiscal da Itumar. Ao Ministério Público, Maria Luiza
disse que a Bemar nunca comprou ou vendeu bebidas, mas
"tinha uma extensa movimentação financeira que era dinheiro oriundo da Itumar".
O suplente de senador constituiu a Bemar em 1996. Em
1998, deixou a empresa, repassando metade de suas ações à
empregada doméstica e a outra
metade para Ana Maria dos
Santos, também ligada à família Costa. Segundo laudo da Polícia Federal, tanto a empregada doméstica como Ana Maria
tiveram suas assinaturas falsificadas em contratos da Bemar.
No dia 22 de outubro de 1999,
foi registrada a procuração pela
qual a empregada teria constituído Neuton e os Marco Antonio e Marco Aurélio Costa como seus procuradores.
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