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Jobim vai à Europa para discutir tecnologia militar
Ministro da Defesa passará por Rússia e França de 25 de janeiro a 7 de fevereiro
Intenção é tratar do plano estratégico de defesa, que ainda está em gestação e é centrado na transferência de tecnologia para o Brasil
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O ministro da Defesa, Nelson
Jobim, viajará à Rússia e à
França de 25 de janeiro a 7 de
fevereiro para discutir com os
governos o plano estratégico de
defesa, que ainda está em gestação e é centrado na transferência de tecnologia para o Brasil.
Jobim tentará acertar previamente formas de condicionar futuras encomendas e compras de equipamentos de defesa à transferência de tecnologia. A agenda do ministro, que
não está fechada, não prevê encontros na área privada.
O objetivo, segundo o Ministério da Defesa, é reduzir a dependência estrangeira e fortalecer a indústria nacional, que
inclui não apenas armas e equipamentos bélicos, mas setores
como fardamento nas três Forças Armadas. Apesar de a Defesa não confirmar, a viagem pode ser considerada uma pré-investida para o projeto mais espetacular da Aeronáutica: a
compra de aviões de caça.
Rússia, com seus supersônicos Sukhoi, e a França, com o
Rafale, estão na mira da FAB
para o fornecimento dos aviões
que fazem a principal linha de
defesa do Brasil, baseados em
Anápolis (GO). Após a aposentadoria dos Mirage-IIIEBR, o
Brasil comprou da França um
lote de 12 Mirage-2000 para
"tapar o buraco" até a chegada
de um avião de nova geração.
O projeto de compra dos caça, chamado de F-X, arrastou-se por anos. Lula o cancelou.
Seu formato final era de 2003, e
a FAB terá de reavaliá-lo, até
porque o mercado evoluiu. O
Mirage-2000, por exemplo, era
concorrente na disputa anterior e agora já saiu de linha. O
F-35 Joint Strike Fighter americano também entrou na lista
dos modelos desejáveis.
Conforme tem dito o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, o projeto de
compra dos caças "praticamente voltou à estaca zero", para a
redefinição de especificações
técnicas e de necessidade estratégica. A expectativa era de que
o novo projeto ficasse pronto
em março, mas a própria Força
Aérea não acredita nisso.
A ameaça de corte de gastos,
após o fim da CPMF, assusta os
militares em outros projetos,
mas não no da compra dos caças. A viagem de Jobim foi precedida por um giro do ministro
de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, pela
Europa no final do ano passado.
Ele também esteve na Índia.
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