São Paulo, terça-feira, 19 de janeiro de 2010

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Ato defende o plano de direitos humanos

Entidades criticam presidente e "conservadores" que se posicionaram contra o polêmico programa federal

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Reunidas na Câmara, cerca de 60 pessoas ligadas a entidades representativas dos direitos humanos realizaram ontem um ato de desagravo ao plano nacional editado no ano passado pelo governo federal.
Apoiadas por deputados petistas, as entidades classificaram os contrários ao programa como "conservadores" e criticaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por retirar do documento a expressão "repressão política" do foco da comissão nacional da verdade, após pressão de militares.
"Temos um governo que mistura Deus e o Diabo, um composto de partidos conservadores. Mas quem anda para trás é caranguejo. A sociedade não é obrigada a aceitar o recuo do governo", disse o deputado Domingos Dutra (PT-MA).
Além da polêmica com o Ministério da Defesa, o plano criou embates também com setores da igreja, por tratar da descriminalização do aborto e da união entre homossexuais; com ruralistas, por tratar de questões de propriedades rurais e agronegócio; e com setores da mídia, por criar um conselho regulador da atividade.
"Os setores conservadores são militares que se opõem a qualquer tentativa da sociedade de conhecer o seu passado. Há setores conservadores da igreja, que se põem contra os direitos das mulheres. Falamos do agronegócio, que tem estrutura injusta e concentrada", criticou Alexandre Cicconello, presidente do fórum de entidades de direitos humanos.
Depois de críticas de todos os lados, o governo cogitou amenizar ainda mais o programa, o que também foi criticado: "mudar o texto seria uma solução inconcebível, porque transformaria todo o plano. Os pontos polêmicos não são dominantes, não há nenhum ranço esquerdista", afirmou Sérgio Sauer, da Plataforma Dhesca Brasil.
As entidades também manifestaram apoio à criação de um ranking nacional de veículos de comunicação e à avaliação da imprensa. "A grande mídia não admite a criação de um conselho nacional de comunicação, mas todo mundo tem -advogado, psicólogo-, faz parte do jogo democrático", disse o deputado Pedro Wilson (PT-GO), vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos, que disse que, na volta do recesso parlamentar, pretende chamar todos os setores envolvidos no plano. (MARIA CLARA CABRAL)

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