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Ato defende o plano de direitos humanos
Entidades criticam presidente e "conservadores" que se posicionaram contra o polêmico programa federal
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Reunidas na Câmara, cerca
de 60 pessoas ligadas a entidades representativas dos direitos humanos realizaram ontem
um ato de desagravo ao plano
nacional editado no ano passado pelo governo federal.
Apoiadas por deputados petistas, as entidades classificaram os contrários ao programa
como "conservadores" e criticaram o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva por retirar do documento a expressão "repressão política" do foco da comissão nacional da verdade, após
pressão de militares.
"Temos um governo que mistura Deus e o Diabo, um composto de partidos conservadores. Mas quem anda para trás é
caranguejo. A sociedade não é
obrigada a aceitar o recuo do
governo", disse o deputado Domingos Dutra (PT-MA).
Além da polêmica com o Ministério da Defesa, o plano
criou embates também com setores da igreja, por tratar da
descriminalização do aborto e
da união entre homossexuais;
com ruralistas, por tratar de
questões de propriedades rurais e agronegócio; e com setores da mídia, por criar um conselho regulador da atividade.
"Os setores conservadores
são militares que se opõem a
qualquer tentativa da sociedade de conhecer o seu passado.
Há setores conservadores da
igreja, que se põem contra os
direitos das mulheres. Falamos
do agronegócio, que tem estrutura injusta e concentrada",
criticou Alexandre Cicconello,
presidente do fórum de entidades de direitos humanos.
Depois de críticas de todos os
lados, o governo cogitou amenizar ainda mais o programa, o
que também foi criticado: "mudar o texto seria uma solução
inconcebível, porque transformaria todo o plano. Os pontos
polêmicos não são dominantes,
não há nenhum ranço esquerdista", afirmou Sérgio Sauer, da
Plataforma Dhesca Brasil.
As entidades também manifestaram apoio à criação de um
ranking nacional de veículos de
comunicação e à avaliação da
imprensa. "A grande mídia não
admite a criação de um conselho nacional de comunicação,
mas todo mundo tem -advogado, psicólogo-, faz parte do jogo democrático", disse o deputado Pedro Wilson (PT-GO), vice-presidente da Comissão de
Direitos Humanos, que disse
que, na volta do recesso parlamentar, pretende chamar todos os setores envolvidos no
plano.
(MARIA CLARA CABRAL)
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