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NO AR
Cogitação
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Itamar Franco está no exílio, na Itália, mas seu legado é barulhento.
O ministro que ele deixou no
Supremo, hoje presidente do órgão, achou por bem defender o
afastamento de José Dirceu,
dando -quem mais- Itamar
como exemplo.
Dele, o ministro Maurício
Corrêa, cercado por microfones,
ao ser questionado sobre o que
fazer:
- Eu conheço uma experiência, que foi extremamente salutar, na época em que o presidente Itamar era o presidente da
República (sic).
E relatou a experiência do então ministro Henrique Hargreaves, que foi alvo de uma denúncia semelhante:
- O Hargreaves foi afastado
do governo e só voltou quando
se esclareceu que ele não tinha
absolutamente nada com aquele caso.
Solução absolutamente sensata, como se vê. Como era absolutamente sensata a solução de
Aloizio Mercadante, da CPI
ampla, um dia antes.
Mas foi o que bastou, pelos canais de notícias, rádios e sites,
para derrubar a Bolsa, saltar o
dólar etc.
Em meio a um depoimento
seu no Congresso, mais lenha. O
presidente do Supremo defendeu o "controle externo" do Poder Executivo, dando como motivo o escândalo.
Depois do depoimento, nos
corredores, mais contido, ele
saiu falando que foi induzido
pelos jornalistas, que não defendia o afastamento do ministro
da Casa Civil:
- José Dirceu é um homem
honrado e digno.
Mas aí o estrago estava feito.
Não é só de Maurício Corrêa,
que foi seu ministro da Justiça,
que vive o legado de Itamar em
Brasília.
Também seu líder na Câmara, Roberto Freire, hoje presidente do PPS, supostamente da
base governista de Lula, deixou
sua marca.
Também defendeu o afastamento do ministro.
Em meio a isso tudo, Dirceu se
reuniu com Lula, mas foi para
"despacho de rotina", garantiu
o porta-voz. Precisou garantir
mais, três vezes:
- Não há cogitação de que o
ministro-chefe da Casa Civil
deixe o governo.
Depois de tanta "lambança",
segundo Franklin Martins, e
"trapalhada", segundo Alexandre Garcia, o governo consegue
vislumbrar dias mais calmos no
Congresso.
De acordo com a Globo, foram
suspensas as sessões "até o dia 2
de março". Até lá, aos poucos,
apaga-se o assunto CPI.
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