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EM BUSCA DE VERBAS
Presidente libera R$ 15 milhões para obras de infra-estrutura em cidades da Baixada Fluminense
Lula faz "assembléia" com prefeitos do Rio
JULIA DUAILIBI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
De um lado, 14 prefeitos da
Baixada Fluminense, um deles
sem sapatos, pedindo, "pelo
amor de Deus", recursos para
suas cidades. De outro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
dando lições sobre como obter
verbas federais e aproveitando o
encontro para mandar recados a
Anthony Garotinho (PMDB),
secretário de Governo do Rio.
A reunião de uma hora e meia
entre Lula, três ministros e os
prefeitos da Associação das Prefeituras da Baixada, na sala de
audiências presidencial do Palácio do Planalto, foi marcada para
anunciar envio de R$ 15 milhões
para obras de infra-estrutura.
Oito prefeitos foram ao microfone lamentar a situação das cidades. Quando outro pediu a vez, o
cerimonial ameaçou impedi-lo,
mas Lula disse: "Deixa falar".
O prefeito de Japeri, pastor
Bruno Silva dos Santos (PSDB),
levou dossiê com a situação das
escolas. Depois de ler, Lula disse:
"Os ministros, junto com o ministro da Educação, têm de fazer
uma visita lá. Se a escola estiver
assim [como na foto], estamos
desgraçados neste país".
Enquanto isso, a prefeita de
Magé, Núbia Cozzolino
(PMDB), à vontade com os dois
pés para fora do sapato, fazia intervenções: "Em Magé, são mais
de 300 mil habitantes e não há
hospital, só pronto-socorro".
Lula colocou os ministros para
falar. Disse que depois abriria
para perguntas. José Dirceu (Casa Civil), Humberto Costa (Saúde) e Alfredo Nascimento
(Transporte) citaram os investimentos federais feitos na região.
Foi só começar a falar sobre a
liberação de recursos para a Baixada, que uma discussão quase
se instalou na sala presidencial.
Um prefeito disse: "Os recursos
têm de ser distribuídos per capita". Outros dois argumentaram:
"Não. Tem de distribuir mais
para os mais pobres".
Lula resolveu falar. Pegou o
microfone e disse que a relação
com os municípios "não precisa
de intermediários". "Não quero
saber de que partido, religião ou
time de futebol vocês são." Foi
um ataque a Garotinho e sua
mulher, Rosinha Matheus, governadora do Estado, que, durante a campanha eleitoral de
2004, ameaçaram retaliar prefeitos que não fossem do PMDB.
No final, os prefeitos chamavam Lula de "estadista" e elogiavam a liberação de R$ 15 milhões
para obras de saneamento em
Seropédica, Magé e Paracambi.
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