São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 2005

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EM BUSCA DE VERBAS

Presidente libera R$ 15 milhões para obras de infra-estrutura em cidades da Baixada Fluminense

Lula faz "assembléia" com prefeitos do Rio

JULIA DUAILIBI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

De um lado, 14 prefeitos da Baixada Fluminense, um deles sem sapatos, pedindo, "pelo amor de Deus", recursos para suas cidades. De outro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dando lições sobre como obter verbas federais e aproveitando o encontro para mandar recados a Anthony Garotinho (PMDB), secretário de Governo do Rio.
A reunião de uma hora e meia entre Lula, três ministros e os prefeitos da Associação das Prefeituras da Baixada, na sala de audiências presidencial do Palácio do Planalto, foi marcada para anunciar envio de R$ 15 milhões para obras de infra-estrutura. Oito prefeitos foram ao microfone lamentar a situação das cidades. Quando outro pediu a vez, o cerimonial ameaçou impedi-lo, mas Lula disse: "Deixa falar".
O prefeito de Japeri, pastor Bruno Silva dos Santos (PSDB), levou dossiê com a situação das escolas. Depois de ler, Lula disse: "Os ministros, junto com o ministro da Educação, têm de fazer uma visita lá. Se a escola estiver assim [como na foto], estamos desgraçados neste país".
Enquanto isso, a prefeita de Magé, Núbia Cozzolino (PMDB), à vontade com os dois pés para fora do sapato, fazia intervenções: "Em Magé, são mais de 300 mil habitantes e não há hospital, só pronto-socorro".
Lula colocou os ministros para falar. Disse que depois abriria para perguntas. José Dirceu (Casa Civil), Humberto Costa (Saúde) e Alfredo Nascimento (Transporte) citaram os investimentos federais feitos na região.
Foi só começar a falar sobre a liberação de recursos para a Baixada, que uma discussão quase se instalou na sala presidencial. Um prefeito disse: "Os recursos têm de ser distribuídos per capita". Outros dois argumentaram: "Não. Tem de distribuir mais para os mais pobres".
Lula resolveu falar. Pegou o microfone e disse que a relação com os municípios "não precisa de intermediários". "Não quero saber de que partido, religião ou time de futebol vocês são." Foi um ataque a Garotinho e sua mulher, Rosinha Matheus, governadora do Estado, que, durante a campanha eleitoral de 2004, ameaçaram retaliar prefeitos que não fossem do PMDB.
No final, os prefeitos chamavam Lula de "estadista" e elogiavam a liberação de R$ 15 milhões para obras de saneamento em Seropédica, Magé e Paracambi.


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