São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 2005

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MARÇO VERMELHO

Durante ato em memória de Dorothy, movimentos ameaçam antecipar nova edição do "abril vermelho"

Entidades anunciam nova onda de invasões

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Freiras da congregação da missionária Dorothy Stang, morta no Pará, usam faixas em sinal de luto, em ato ecumênico no Rio


ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Movimentos de defesa da reforma agrária que participaram ontem de um ato em memória da irmã Dorothy Stang, em Brasília, ameaçaram antecipar para março uma nova edição do "abril vermelho", com uma onda de invasões de terra, caso o governo não ofereça soluções para resolver os conflitos fundiários no país.
Entidades reunidas no Fórum Nacional de Reforma Agrária, entre elas o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) e CPT (Comissão Pastoral da Terra), protocolaram nesta semana pedidos de audiência com representantes "dos três poderes" para cobrar mais rapidez nas desapropriações e assentamentos.
Segundo o secretário-executivo do fórum, Gilberto Portes de Oliveira, os grupos se reuniram com o governo em setembro e outubro, mas até agora o Planalto não teria apresentado uma agenda de que está trabalhando para resolver os conflitos sociais no campo.
"Nós aprendemos que com este governo é preciso pressão. Então, os movimentos sociais vão se mobilizar na rua", disse Oliveira. Ele ressaltou que há pessoas no governo que trabalham pela reforma agrária, mas não têm condições de agir porque a pauta estabelecida é a do crescimento econômico. "O ministro Miguel Rosseto (Desenvolvimento Agrário) têm boa vontade, mas não tem a chave do cofre", disse.
As entidades participaram ontem de uma cerimônia celebrada para marcar o sétimo dia da morte da irmã Dorothy Stang, assassinada no Pará no último sábado. O ato, realizado na Praça dos Três Poderes, foi organizado pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e por organizações de defesa dos direitos humanos.
"A violência cresce na ausência de Estado", disse dom Demétrio Valentini, da CNBB.
Em São Paulo, cerca de 300 freiras, padres e seminaristas participaram de um ato litúrgico no Pátio do Colégio em homenagem à freira. A manifestação pela paz foi organizada pela Confederação dos Religiosos do Brasil. Membros do MST também compareceram.


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