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Cassol demite PM após autuação de parente
Comandante da Polícia Ambiental autuou concunhado do governador de Rondônia por obra irregular
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
O governador de Rondônia,
Ivo Cassol (sem partido), exonerou, no último dia 5, o então
comandante do Batalhão de
Polícia Ambiental do Estado,
Josenildo do Nascimento, que
em setembro do ano passado
autuou em flagrante Crisóstomo Mezzomo, casado com uma
irmã da mulher de Cassol.
A autuação foi por dano ambiental em área de proteção
permanente. No mês seguinte a
essa ação, o governador baixou
um decreto proibindo policiais
militares de lavrar multas -o
que, antes, era permitido por
uma resolução. Nascimento
ocupa agora um cargo administrativo na Polícia Militar.
Mezzomo é dono da Construtel Terraplanagem, segundo
sua mulher. A empresa havia
assinado um contrato com o
próprio governo para aplanar o
terreno por onde passará uma
estrada estadual, a RO-133.
A empresa estava, segundo o
Ministério Público de Rondônia, retirando cascalho, com
máquinas e caminhões, da beira de um igarapé. Segundo a lei,
esse tipo de área não pode sofrer modificação. Mezzomo foi
então levado à delegacia e autuado, mas não chegou a ser
preso. Hoje, ele responde a um
processo, segundo o governo.
Não foi aplicada multa.
Na mesma obra, mas em outro trecho, trabalhava a JK
Construções e Terraplanagem,
de um irmão de Crisóstomo,
uma das empresas acusadas de
se beneficiar com direcionamento de licitação durante a
gestão de Cassol na Prefeitura
de Rolim de Moura (RO). Azelino Mezzomo, dono da JK, negou que tenha participado de
qualquer esquema.
Segundo a assessoria do governo, os contratos com a JK e
a Construtel são legais. Ela nega relação entre a demissão e a
autuação do concunhado. Sobre o decreto, o governo afirmou que ele foi feito para adequar as funções de órgãos estaduais às dos órgãos federais.
Mas especialistas na área
ambiental consultados pela reportagem disseram que um governo estadual pode permitir
que seus policiais lavrem autos
de infração.
Segundo a Folha apurou,
desde o ano passado policiais já
reclamavam que o governador,
ex-madeireiro, proibia a fiscalização em algumas áreas, e que
a Secretaria de Desenvolvimento Ambiental fornecia informações a empresas e propriedades que seriam fiscalizadas, o que muitas vezes impedia o flagrante, segundo as reclamações. O governo nega
qualquer ingerência.
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