São Paulo, sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

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Ivan de Souza Mendes, último chefe do SNI, morre aos 87 no RJ

General diz ter abrigado Castello Branco na reunião que antecedeu o golpe de 64

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Último ministro-chefe do SNI (Serviço Nacional de Informações), na gestão José Sarney, o general-de-exército reformado Ivan de Souza Mendes, morreu ontem, no Rio, de infecção generalizada, aos 87 anos, cinco dias antes de seu aniversário. Ele estava internado havia uma semana.
Oficial de Engenharia, sem experiência na área de Inteligência, Ivan de Souza Mendes foi o indicado para a função no primeiro governo civil, após 21 anos de ditadura militar, pelo então ministro do Exército, general Leônidas Pires Gonçalves. Eram amigos desde a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e companheiros na Casa Militar de Jânio Quadros e Castello Branco. Não queria, mas disse que "seria covardia" não aceitar naquele momento.
À frente do SNI, Mendes demitiu radicais e mudou o foco do órgão, da segurança interna -apesar do acompanhamento de mais de 5.000 greves- para a ameaça externa.
Um episódio de sua gestão chamou a atenção: desmarcou audiência com o então governador de Alagoas Fernando Collor de Mello, ao ler críticas ao presidente Sarney. "Era um cafajeste. Achei falta de respeito com o presidente", disse, em entrevista ao site Consultor Jurídico, em 2006.
O futuro presidente o chamou de "generaleco". Mais tarde, no poder, Collor anunciou o fim do SNI, no que Mendes chamou de "marketing político". "O SNI não foi extinto. Apenas mudou de nome."
Apoiador do golpe de 64, acompanhou o general Ernesto Geisel em encontros conspiratórios e contou ter abrigado o futuro presidente Castello Branco na última reunião antes do golpe, em sua casa, no Rio.
Foi nomeado interventor de Brasília, onde só ficou até maio de 1964, e serviu no gabinete militar, chefiado por Ernesto Geisel, com quem trabalhou na Petrobras. Depois, comandou a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e a 8ª Região Militar (Belém). Disse nunca ter aceitado torturas, embora admitisse que aconteceram.


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