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Ivan de Souza Mendes, último chefe do SNI, morre aos 87 no RJ
General diz ter abrigado Castello Branco na reunião que antecedeu o golpe de 64
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Último ministro-chefe do
SNI (Serviço Nacional de Informações), na gestão José Sarney, o general-de-exército reformado Ivan de Souza Mendes, morreu ontem, no Rio, de
infecção generalizada, aos 87
anos, cinco dias antes de seu
aniversário. Ele estava internado havia uma semana.
Oficial de Engenharia, sem
experiência na área de Inteligência, Ivan de Souza Mendes
foi o indicado para a função no
primeiro governo civil, após 21
anos de ditadura militar, pelo
então ministro do Exército, general Leônidas Pires Gonçalves. Eram amigos desde a Escola de Comando e Estado-Maior
do Exército e companheiros na
Casa Militar de Jânio Quadros
e Castello Branco. Não queria,
mas disse que "seria covardia"
não aceitar naquele momento.
À frente do SNI, Mendes demitiu radicais e mudou o foco
do órgão, da segurança interna
-apesar do acompanhamento
de mais de 5.000 greves- para
a ameaça externa.
Um episódio de sua gestão
chamou a atenção: desmarcou
audiência com o então governador de Alagoas Fernando
Collor de Mello, ao ler críticas
ao presidente Sarney. "Era um
cafajeste. Achei falta de respeito com o presidente", disse, em
entrevista ao site Consultor Jurídico, em 2006.
O futuro presidente o chamou de "generaleco". Mais tarde, no poder, Collor anunciou o
fim do SNI, no que Mendes
chamou de "marketing político". "O SNI não foi extinto.
Apenas mudou de nome."
Apoiador do golpe de 64,
acompanhou o general Ernesto
Geisel em encontros conspiratórios e contou ter abrigado o
futuro presidente Castello
Branco na última reunião antes
do golpe, em sua casa, no Rio.
Foi nomeado interventor de
Brasília, onde só ficou até maio
de 1964, e serviu no gabinete
militar, chefiado por Ernesto
Geisel, com quem trabalhou na
Petrobras. Depois, comandou a
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e a 8ª Região
Militar (Belém). Disse nunca
ter aceitado torturas, embora
admitisse que aconteceram.
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