São Paulo, quinta, 19 de fevereiro de 1998

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MÍDIA
Premiação é concedida há cinco anos a trabalhos de destaque de profissionais da Empresa Folha da Manhã
'Mercado do voto' recebe o Prêmio Folha

da Redação

A revelação de gravações em que deputados afirmam ter recebido dinheiro para votar a favor da emenda que permite ao presidente Fernando Henrique Cardoso tentar a reeleição foi o trabalho vencedor do Grande Prêmio Folha de Jornalismo de 1997.
A série de reportagens, que ficou conhecida como "Mercado do voto", é de autoria do jornalista e colunista Fernando Rodrigues, da Sucursal de Brasília.
Ele obteve gravações de conversas informais dos deputados Ronivon Santiago e João Maia, ambos, então, do PFL-AC, nas quais eles contavam como foi a negociação.
As gravações foram feitas pelo personagem que ficou conhecido como "Senhor X", cuja identidade a Folha não vai revelar.
Santiago e Maia afirmaram, nas gravações, ter recebido dinheiro (R$ 200 mil) e favores (como a concessão de uma emissora de TV) para votarem a favor da emenda da reeleição na Câmara.
Eles citavam, entre os participantes do esquema, os governadores do Amazonas, Amazonino Mendes, e do Acre, Orleir Cameli -hoje, ambos estão no PFL. Também foi citado o ministro Sérgio Motta (Comunicações).
Rodrigues levou cerca de cinco meses para coletar o material. A série também lhe rendeu o Prêmio Esso de Jornalismo em 97.
"Foi uma angústia muito grande, pois, em 28 de janeiro (dia de votação da emenda), eu já sabia o que estava acontecendo, mas não havia como provar", diz ele.
"Mercado do voto" também valeu o prêmio Folha, na categoria Edição, para Fernando Canzian, 31, editor do caderno Brasil.
As primeiras reportagens foram publicadas em 13 de maio. Até o dia 21, foram publicadas reportagens diárias sobre o caso, acompanhadas de quadros explicativos e transcrições das gravações.
"O desafio foi fazer edições tão atraentes e com o nível da 'matéria-prima' com a qual estávamos lidando: o furo de Fernando Rodrigues", afirma Canzian.
Regulamento
Há cinco anos, o Prêmio Folha de Jornalismo é atribuído anualmente a trabalhos de profissionais da Empresa Folha da Manhã.
As premiações são dividas nas categorias Grande Prêmio, Reportagem, Edição, Fotografia, Serviço, Arte e Especial.
As editorias podem inscrever seus candidatos a cada dois meses. Em cada bimestre, um trabalho é escolhido para concorrer ao Grande Prêmio, no fim do ano, e já recebe uma premiação em dinheiro. Outros são indicados para os prêmios nas respectivas categorias.
A escolha dos premiados é feita por uma comissão julgadora escolhida anualmente. Seus componentes, em 97, foram os jornalistas Bernardo Ajzenberg, secretário de Redação da Folha, Marcos Augusto Gonçalves, editor de Domingo, Clóvis Rossi e Celso Pinto, ambos colunistas e membros do Conselho Editorial da Folha, e Mario Vitor Santos, repórter da Secretaria de Redação, que foi o Ombudsman da Folha até dezembro.



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