São Paulo, domingo, 19 de março de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006/DATAFOLHA

Lula lidera, mas Alckmin cresce e diminui distância


Após ser escolhido como candidato, governador sobe seis pontos percentuais


Tucano se distancia de Garotinho e desponta como principal rival do petista

FERNANDO DE BARROS E SILVA
EDITOR DE BRASIL

A primeira pesquisa eleitoral realizada após a definição do candidato do PSDB à Presidência da República revela o crescimento das intenções de voto no tucano Geraldo Alckmin e a estagnação de Luiz Inácio Lula da Silva, que mantém a liderança, mas perde parte da vantagem que tinha em relação ao governador paulista.
Segundo aponta o Datafolha, o presidente oscila negativamente de 43% para 42%, enquanto Alckmin cresce seis pontos, passando de 17% para 23% no cenário em que o o candidato do PMDB é Anthony Garotinho. O ex-governador do Rio aparece com 12% -contra 11% registrados no levantamento anterior, realizado nos dias 20 e 21 de fevereiro.
Alckmin praticamente dobra a vantagem que tinha na última pesquisa em relação a Garotinho, isolando-se com mais clareza na segunda posição da corrida eleitoral. O governador paulista abre agora uma diferença de 11 pontos percentuais sobre o ex-governador do Rio, o que o coloca a pouco mais de seis meses da eleição em condições melhores de se firmar como contraponto a Lula.
No cenário do Datafolha em que o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, é o nome do PMDB, Alckmin atinge 25% (contra 20% do levantamento anterior), enquanto Lula oscila para 43% (tinha 45%). Rigotto amarga os mesmos 2% de fevereiro, atrás da senadora Heloísa Helena, do PSOL, que tem 8%, e tecnicamente empatado com o senador Roberto Freire (PPS), com 4%, e Cristovam Buarque (PDT), que segue com apenas 1%.
Nessa situação, sem Garotinho e com Rigotto pelo PMDB, Lula atinge 52% dos votos válidos, contra 48% da soma dos demais candidatos. Como a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, é impossível saber se a disputa terminaria no primeiro turno, se fosse realizada hoje.
Com Garotinho no páreo, é certo que a eleição hoje iria ser decidida no segundo turno entre Lula e Alckmin, o que explica o empenho do governo para inviabilizar a candidatura própria do PMDB.
Na simulação de segundo turno, a distância entre Lula e Alckmin também cai. Em fevereiro, era de 18 pontos percentuais a favor do petista; passou a ser agora de 12 pontos -50% contra 38% (leia mais sobre os cenários para o segundo turno e a rejeição aos candidatos na pág. A6).

Crescimento homogêneo
O Datafolha capta a tendência de subida de Alckmin em praticamente todos os segmentos de idade, renda e escolaridade e em todas as regiões do país. O fenômeno é mais acentuado entre os eleitores mais velhos e nas regiões Sul e Norte/Centro-oeste.
O governador cresce 12 pontos percentuais, o dobro de sua média, entre os eleitores de 45 a 59 anos, e outros 10 pontos entre os que têm 60 ou mais anos. Também avança 9 pontos entre os eleitores do Sul, onde Lula perde quatro pontos. No Nordeste, embora Alckmin tenha crescido 5 pontos e atingido 10% das intenções de voto, a vantagem de Lula continua sendo a mais expressiva: o presidente tem 57% das intenções de voto (tinha 60% em fevereiro).
Registre-se ainda que, entre os eleitores de nível superior, o tucano tira 15 pontos de diferença em relação a Lula: este perde 9 pontos enquanto Alckmin ganha 6, ultrapassando o petista (33% a 30%).
Segundo o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, 45, apesar de algumas diferenças de ênfase, pode-se falar em "crescimento homogêneo", provocado pela definição da candidatura tucana. "A pesquisa mede o primeiro impacto do lançamento de Alckmin à Presidência", diz Paulino.
Na prática, Alckmin herda parte dos votos que eram do prefeito José Serra. Isso fica bastante claro na pesquisa espontânea (aquela em que o entrevistado não é apresentado a nenhuma lista de candidatos). Nela, Alckmin passa de 4% para 10%, enquanto Serra, que disputava com o governador a indicação tucana à sucessão presidencial, é lembrado por 6%, contra 11% que o citavam espontaneamente em fevereiro. Lula lidera com folga esse tipo de consulta: tem 32% das intenções.
O Datafolha ouviu 3.801 pessoas em todas as unidades da federação entre quinta e sexta-feira. Alckmin, que sempre esteve atrás de Serra nas pesquisas, foi escolhido pelos tucanos na terça, quando a novela de longos quatro meses conheceu seu desfecho.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Eleições 2006/Datafolha: Vantagem de petista sobre tucano diminui também no 2º turno
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.