São Paulo, domingo, 19 de março de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Governador, pré-candidato à Presidência, aumenta média de despesas com propaganda nos últimos 3 meses, mas nega vínculo com eleições

Alckmin dobra gastos com publicidade

FABIO SCHIVARTCHE
CONRADO CORSALETTE

DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, escolhido pelo PSDB para disputar a sucessão presidencial neste ano, acelerou seus gastos com propaganda nos últimos meses.
De janeiro a setembro de 2005, a média de liquidação (liberação do pagamento mediante reconhecimento do serviço prestado) das despesas com propaganda do gabinete de Alckmin era de R$ 2,3 milhões mensais. De outubro a fevereiro deste ano, a média dobrou, chegando a R$ 4,6 milhões.
O aumento das despesas com propaganda coincide com o momento em que Alckmin iniciou sua luta pela candidatura tucana à Presidência. A aceleração dos gastos obrigou, inclusive, o governo a suplementar (em dezembro do ano passado) o orçamento destinado à publicidade: passou de R$ 40 milhões para R$ 45 milhões.
Há duas semanas, a Folha revelou que o prefeito da capital, José Serra (PSDB), que até terça-feira passada disputava com Alckmin a vaga de presidenciável tucano, também acelerou seus gastos com propagandas no final de 2005.

Prestações de contas
Assim como fez a prefeitura, a Secretaria de Comunicação do governo Alckmin negou que o aumento esteja atrelado ao calendário eleitoral. Disse que os gastos publicitários sempre aumentam no final do ano, por conta de prestações de contas à população.
Em 2003, ano em que Alckmin tomou posse, os gastos foram, sim, maiores em dezembro.
Mas em 2004, quando houve eleição municipal, a média de gastos no último trimestre não superou a do restante do ano. Na ocasião, Alckmin era cabo eleitoral de Serra, então candidato à prefeitura. Os gastos publicitários foram maiores no período da campanha, em agosto e setembro.
Os números usados na comparação dos últimos 14 meses são oficiais e se referem apenas às despesas da Casa Civil do Estado, responsável pela propaganda institucional do governo Alckmin.
A publicidade para as áreas de Saúde e Educação, por exemplo, não estão incluídas -apesar de terem ocorrido. No ano passado, essas áreas tiveram, juntas, despesas com propaganda da ordem de R$ 4 milhões. Os gastos também se concentraram nos últimos meses do ano.
Ficam ainda de fora do cálculo os gastos com propagandas das estatais. A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), por exemplo, gastou, só em dezembro de 2005, quase R$ 3 milhões em propagandas -os gastos também se concentraram no final do ano.
Outra empresa do governo que tem gastos elevados com publicidade é a Nossa Caixa. O banco, porém, prefere não divulgar os valores mensais de 2005, afirmando se tratar de informações financeiras sigilosas.

Obras do Tietê
Nos últimos dias o Estado passou a veicular em emissoras de TV uma peça publicitária sobre a conclusão das obras no rio Tietê. Trata-se de uma das principais bandeiras do governador, que deve usá-la na campanha para tentar derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo a Secretaria de Comunicação de Alckmin, os gastos com essa campanha devem ficar em torno de R$ 1,3 milhão. As peças sobre o Tietê serão exibidas em todo o Estado de São Paulo.


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