São Paulo, domingo, 19 de março de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Vidigal, que teve decisão derrubada na sexta por outro ministro do STJ, poderia voltar ainda ontem a proibir a escolha do candidato

Batalha judicial ainda ameaça prévia do PMDB

FERNANDO RODRIGUES
LUCIANA CONSTANTINO

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PMDB protagoniza hoje mais uma de suas já usuais disputas políticas mescladas com embates judiciais. Rachado em várias facções, o partido em tese realizará prévia a partir das 9h para escolher quem será o candidato a presidente pela sigla: o ex-governador do Rio Anthony Garotinho ou o governador atual do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto.
O problema é que ninguém sabe se o processo será juridicamente válido ou não. Na sexta-feira à noite, a ala oposicionista conseguiu derrubar a liminar do presidente do Superior Tribunal de Justiça, Edson Vidigal, que havia proibido a realização da prévia. A liminar de Vidigal foi cassada por outra decisão do também ministro do STJ Hamilton Carvalhido.
Porém o próprio presidente do STJ analisaria o caso novamente ontem, podendo retomar a proibição. Até o fechamento desta edição, a prévia estava mantida.
Para o presidente do PMDB, Michel Temer, mesmo que a prévia seja proibida judicialmente, o que ele acha difícil ocorrer, o partido manterá uma consulta. "[A decisão de Carvalhido] é tão consistente e densa que, pela via judicial, não comporta derrubá-la."
Tanto Garotinho como Rigotto criticaram a decisão de Vidigal, chamando-a de "equivocada" e "intromissão na vida do partido".
"Vidigal mistura política, amizade e sua decisão de concorrer às eleições no Maranhão àquilo que não poderia misturar, a imparcialidade", disse Rigotto. "Se houver uma espécie de "Vidigada" de última hora, a decisão [do partido] não muda", disse Garotinho. A assessoria de Vidigal disse que ele não comentaria as declarações.

Peso do voto
Estão inscritos 23.288 votantes, nos 26 Estados e no Distrito Federal. Se o processo se concretizar, será utilizado um intricado sistema de pesos para os votos de cada Estado. Por exemplo, São Paulo (de Orestes Quércia) vale quase 18 vezes o Amapá (de José Sarney).
Mesmo que a Justiça proíba a realização de prévia, pelo menos 13 diretórios realizarão o processo: Acre, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Juntos, esses são responsáveis por 74,5% dos votos do processo de eleição interna.
Por outro lado, pelo menos sete diretórios já decidiram fechar suas portas, independentemente da decisão judicial. Segundo a presidência do PMDB, os Estados que boicotarão a prévia são: Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Pará e Roraima. Pelas contas dos governistas, também estão incluídos nesse caso os diretórios de Ceará, Maranhão, Piauí, Rondônia e Tocantins.
O problema é que a representatividade dos 12 diretórios é bem menor que a dos que são favoráveis à prévia. Juntos, os 12 têm 21,6% dos votos. "Temos [no Pará] apenas 4,5%, e São Paulo tem 17,8%. Só que em 2002 o Pará elegeu cinco deputados federais, e São Paulo, só quatro", diz Jader Barbalho, contrário à prévia.


Texto Anterior: Para tucano, aprovação supera expectativa
Próximo Texto: Garotinho quer reunir 40 mil em comício no Rio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.