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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O GRANDE AMIGO
Amigo de Lula abandonou sociedade em companhia de granito em Mauá, segundo ex-sócia, para não atrapalhar negócios
Okamotto deixou empresa após depor à CPI
CHICO DE GOIS
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma semana depois de ter prestado depoimento à CPI dos Bingos para explicar o pagamento de
uma dívida de R$ 29,4 mil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
com o PT, Paulo Okamotto, presidente do Sebrae, desligou-se de
uma sociedade em uma empresa
de granito em Mauá (SP).
O depoimento de Okamotto à
CPI ocorreu em 22 de novembro
do ano passado e, no dia 30, ele
desfez a sociedade que mantinha
com a amiga Sandra Regina Barbosa Fornazier e com o norte-americano Richard John Farster.
A formalização da transação só
se deu, porém, na semana passada, dia 10, uma semana depois de
a revista "Veja" informar que ele
foi responsável também pelo pagamento da dívida de um imóvel
utilizado pela filha de Lula, Lurian, na campanha dela a vereadora em São Bernardo do Campo
(SP), em 1996 -ela perdeu.
A dívida somava R$ 34,7 mil,
mas Okamotto conseguiu reduzi-la para R$ 26 mil. O pagamento se
deu em duas parcelas, em 2002.
Okamotto tornou-se sócio da
SRB Comércio, Importação e Exportação de Granitos em junho de
2004. O capital social da empresa
é de R$ 300 mil. Cada sócio entrou
com R$ 100 mil. Segundo Okamotto, ele utilizou "recursos próprios" ao entrar para a sociedade.
Em dezembro de 2004, Okamotto deu uma entrevista à revista "IstoÉ Dinheiro" e, na ocasião,
não disse que era sócio da SRB.
Citou apenas a Red Star, que vende adesivos do PT.
Quem cuidava do dia-a-dia da
empresa era Sandra Regina, no
ramo de granito há 28 anos, como
disse à Folha. Ela afirmou que
Okamotto ficava mais em Brasília
por conta do trabalho no Sebrae.
"O Paulo decidiu deixar a sociedade porque o nome dele estava
muito divulgado pela mídia e podia atrapalhar os negócios", disse
Sandra Regina, amiga de Okamotto "há muito tempo". Ela fez
questão de dizer que não é filiada
ao PT, mas ao PDT. Em 2000,
Sandra Regina concorreu a vereadora pela legenda. O partido estava coligado com o PL, em Mauá.
Com Okamotto, saiu também o
norte-americano. A Folha não
conseguiu falar com ele. Na casa
dele, em Ribeirão Pires (SP), ninguém atendeu. A empresa, atualmente, tem Sandra Regina e seu
pai, Ozório, como únicos sócios.
A participação dela na sociedade
é de R$ 297 mil. A do pai, R$ 3 mil.
"O que ele faz no governo eu
não tenho nada a ver", disse a ex-sócia. "O Paulo é um grande amigo e só tenho coisas boas para falar sobre ele", declarou.
Antes de investir no ramo de
granito, Okamotto já tinha se
aventurado pelo comércio. Em
abril de 2002, ele constituiu a Red
Star em sociedade com a mulher
dele, Dalva. A empresa tinha capital social de apenas R$ 1 mil e dedicava-se à venda de bijuterias
com a estrelinha do PT. A loja fica
ao lado do Diretório Nacional do
partido, no centro de São Paulo.
Em junho de 2003, Okamotto se
desligou da sociedade. A empresa
atualmente está em nome de Dalva e da filha do casal, Luciana.
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