São Paulo, domingo, 19 de março de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O GRANDE AMIGO

Amigo de Lula abandonou sociedade em companhia de granito em Mauá, segundo ex-sócia, para não atrapalhar negócios

Okamotto deixou empresa após depor à CPI

CHICO DE GOIS
LILIAN CHRISTOFOLETTI

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma semana depois de ter prestado depoimento à CPI dos Bingos para explicar o pagamento de uma dívida de R$ 29,4 mil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o PT, Paulo Okamotto, presidente do Sebrae, desligou-se de uma sociedade em uma empresa de granito em Mauá (SP).
O depoimento de Okamotto à CPI ocorreu em 22 de novembro do ano passado e, no dia 30, ele desfez a sociedade que mantinha com a amiga Sandra Regina Barbosa Fornazier e com o norte-americano Richard John Farster.
A formalização da transação só se deu, porém, na semana passada, dia 10, uma semana depois de a revista "Veja" informar que ele foi responsável também pelo pagamento da dívida de um imóvel utilizado pela filha de Lula, Lurian, na campanha dela a vereadora em São Bernardo do Campo (SP), em 1996 -ela perdeu.
A dívida somava R$ 34,7 mil, mas Okamotto conseguiu reduzi-la para R$ 26 mil. O pagamento se deu em duas parcelas, em 2002.
Okamotto tornou-se sócio da SRB Comércio, Importação e Exportação de Granitos em junho de 2004. O capital social da empresa é de R$ 300 mil. Cada sócio entrou com R$ 100 mil. Segundo Okamotto, ele utilizou "recursos próprios" ao entrar para a sociedade.
Em dezembro de 2004, Okamotto deu uma entrevista à revista "IstoÉ Dinheiro" e, na ocasião, não disse que era sócio da SRB. Citou apenas a Red Star, que vende adesivos do PT.
Quem cuidava do dia-a-dia da empresa era Sandra Regina, no ramo de granito há 28 anos, como disse à Folha. Ela afirmou que Okamotto ficava mais em Brasília por conta do trabalho no Sebrae.
"O Paulo decidiu deixar a sociedade porque o nome dele estava muito divulgado pela mídia e podia atrapalhar os negócios", disse Sandra Regina, amiga de Okamotto "há muito tempo". Ela fez questão de dizer que não é filiada ao PT, mas ao PDT. Em 2000, Sandra Regina concorreu a vereadora pela legenda. O partido estava coligado com o PL, em Mauá.
Com Okamotto, saiu também o norte-americano. A Folha não conseguiu falar com ele. Na casa dele, em Ribeirão Pires (SP), ninguém atendeu. A empresa, atualmente, tem Sandra Regina e seu pai, Ozório, como únicos sócios. A participação dela na sociedade é de R$ 297 mil. A do pai, R$ 3 mil.
"O que ele faz no governo eu não tenho nada a ver", disse a ex-sócia. "O Paulo é um grande amigo e só tenho coisas boas para falar sobre ele", declarou.
Antes de investir no ramo de granito, Okamotto já tinha se aventurado pelo comércio. Em abril de 2002, ele constituiu a Red Star em sociedade com a mulher dele, Dalva. A empresa tinha capital social de apenas R$ 1 mil e dedicava-se à venda de bijuterias com a estrelinha do PT. A loja fica ao lado do Diretório Nacional do partido, no centro de São Paulo.
Em junho de 2003, Okamotto se desligou da sociedade. A empresa atualmente está em nome de Dalva e da filha do casal, Luciana.


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