São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 2008

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Nada feito

Após horas de negociação com o Executivo em torno do projeto de emenda constitucional que muda o rito das medidas provisórias, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e o relator da PEC, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), apresentaram o que lhes parecia ser a saída para obter o apoio da oposição: um compromisso do governo de editar no máximo duas MPs por mês (a média atual é de cinco). A proposta foi então levada a Lula, que mandou avisar: nem pensar.
Ele rejeita um teto por achar que isso engessaria o governo em situações emergenciais, mas, principalmente, porque não aceita negociar "na base do ultimato". Se a oposição insistir nisso, o Planalto pode orientar a base a simplesmente não votar a proposta.

Já passou. Arthur Virgílio (PSDB-AM) ainda vociferava ontem em plenário, mas a ameaça de obstrução implacável não durou uma semana. Hoje mesmo tucanos e "demos" vão aprovar na CCJ a indicação de Gilmar Mendes para comandar o Conselho Nacional de Justiça. Marco Maciel (DEM-PE), presidente da comissão, se empenha pessoalmente pela aprovação.

Interventor. O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, chega hoje a São Paulo para tentar aplacar os ânimos entre alckmistas e defensores do apoio à reeleição de Gilberto Kassab (DEM) na cidade. O senador pernambucano acha que, sem um candidato na praça, não há como exigir fidelidade da tropa. A solução, quem sabe, poderia ser precipitar o lançamento oficial de Geraldo Alckmin.

Escalada. Depois de secretários municipais e vereadores do PSDB, estão para sair do forno declarações favoráveis à candidatura Kassab assinadas por tucanos instalados em subprefeituras e em escalões inferiores da administração paulistana.

Em resposta. Celso Figueiredo, presidente do diretório do PSDB em Perdizes, zona oeste da capital, recorreu ao partido para reivindicar uma "retratação" do secretário Alexandre Schneider (Educação), que disse não ter como "não votar" em Kassab.

Sem controle. A CPI do Grampo começa a receber as primeiras respostas a um requerimento, datado de dezembro passado, para que os tribunais informem o número exato de grampos que autorizaram em anos recentes. Conforme previsto pelos parlamentares da oposição, o que se diz é que simplesmente não existe meio de saber ao certo.

Pré-requisito. Lembrando que em 2002 Aloizio Mercadante implodiu o acordo pelo qual o PT deveria apoiar a candidatura de Orestes Quércia ao Senado, aliados do ex-governador agora defendem que o senador petista se comprometa publicamente com a mesma cláusula para 2010. Só depois seria fechado o acordo do PMDB com Marta Suplicy.

Em branco. A OMS sugeriu, e o ministro José Temporão (Saúde) disse que está "pensando seriamente" no assunto: adotar embalagem "genérica" a ser usada por todas as marcas de cigarros.

No passaran. Os demais partidos da base estão unidos no propósito de resistir ao esforço petista para emplacar Antonio Palocci como relator da reforma tributária. O escolhido será mesmo Sandro Mabel (PR-GO). Em resposta, o PT reivindicará a presidência da comissão, mas dessa vaga o PMDB diz que não abre mão.

Visitas à Folha. Tony Jozame Amar, embaixador da Colômbia, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Sergio Diaz, ministro da embaixada, e de Sérgio Poroger, da SPMJ Comunicação.

Henri Philippe Reichstul, presidente da Brenco - Companhia Brasileira de Energia Renovável, visitou ontem a Folha acompanhado de João Rodarte, presidente da CDN Comunicação Corporativa.

Tiroteio

"Num Estado que esteve no centro da máfia dos sanguessugas, os deputados talvez tenham mais motivos para descansar do que seus colegas de outros lugares do país."


De DAVID FLEISCHER, cientista político da UnB, sobre a compra de 26 poltronas massageadores, ao custo de R$ 80 mil, para uso dos deputados na Assembléia Legislativa de Mato Grosso.

Contraponto

Soletrando

Flexa Ribeiro (PSDB-PA) interrogava a equipe do TCU, em depoimento ontem à CPI dos Cartões Corporativos, sobre dados de auditorias nos gastos do governo federal, especialmente da Presidência da República. O senador destacava o que lhe parecia ser mais grave:
-Há notas fiscais calcadas! -, exclamava, indignado.
Diante da expressão intrigada dos colegas, ele insistiu: -Vocês não sabem o que é? Pois todos deveriam saber!
E seguiu com perguntas sobre as notas "calcadas", até que um assessor lhe passou um bilhete. Ribeiro corrigiu:
-Aliás, não é "calcada", mas calçada-, disse, referindo-se à prática de adulterar o valor da nota em uma das vias.
O plenário da CPI quase veio abaixo com as risadas.


Próximo Texto: "É impossível governar sem medida provisória", diz Lula
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.