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Serra não descarta indicar 2º colocado a procurador-geral
Candidato mais votado no Ministério Público foi Fernando Grella, ligado ao PMDB
Questionado, governador tem dito a interlocutores que em 1996 Covas indicou Luiz Antonio Marrey, apesar de ele ter perdido a eleição
CATIA SEABRA
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo,
José Serra (PSDB), não descarta a possibilidade de quebrar a
tradição e indicar para o cargo
de procurador-geral de Justiça
do Estado o segundo colocado
na eleição realizada pela classe
no último sábado.
O mais votado pelos 1.822
promotores e procuradores foi
Fernando Grella, ligado a um
grupo alinhado ao PMDB, do
ex-governador Orestes Quércia, que atualmente negocia
com o PT um apoio para o retorno político dele em 2010.
Em segundo lugar, com 262
votos de diferença, ficou José
Oswaldo Molineiro, candidato
do atual procurador-geral de
Justiça, Rodrigo Pinho, e do secretário estadual de Justiça,
Luiz Antonio Marrey, três vezes procurador-geral.
Em terceiro ficou Paulo
Afonso Garrido de Paula.
Quando questionado sobre a
indicação, Serra tem dito a interlocutores que não existe
"um" eleito, mas "três", e que
pretende se informar melhor
sobre o perfil de cada um.
Nas conversas, Serra lembra
o caso do ex-governador Mário
Covas, que, em 1996, indicou
Marrey, apesar de ele ter perdido a eleição por 219 votos.
Segundo a Folha apurou,
Marrey é o principal defensor
da escolha do segundo colocado. A nomeação de Grella seria
a ascensão do grupo inimigo a
ele na chefia da instituição.
Se a indicação não ocorrer
até o dia 31, assumirá o procurador mais antigo do Conselho
Superior do órgão, Pedro Franco de Campos, que, como secretário da Segurança Pública
em 1992, foi citado como o responsável pela invasão do Carandiru, o que ele nega.
Clima
Entre os promotores e procuradores, o clima é de expectativa e apreensão.
O grupo ligado a Grella afirma que o grupo de Marrey quer
ganhar no "tapetão". Diz que a
diferença de votos confirma o
anseio da maioria por mudança
e que o desrespeito à eleição
abriria uma crise interna.
Em carta endereçada a Serra,
a Associação Nacional dos
Membros do Ministério Público pediu a indicação de Grella.
Desde a noite de sábado, o
grupo ligado a Marrey se articula para tentar reverter a eleição. Diz que a possibilidade de
o governador indicar um dos
três nomes da lista é uma garantia constitucional.
O grupo vê como pressão o
fato de o Conselho Superior do
órgão, formado em sua maioria
por aliados de Grella, ter adiado
ontem formação da lista de indicados à vaga no Superior Tribunal de Justiça. A favorita é
Valderez Abbud, mulher do ex-secretário tucano Marco Vinicio Petrelluzzi, ligada a Marrey.
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