São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 2008

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Serra não descarta indicar 2º colocado a procurador-geral

Candidato mais votado no Ministério Público foi Fernando Grella, ligado ao PMDB

Questionado, governador tem dito a interlocutores que em 1996 Covas indicou Luiz Antonio Marrey, apesar de ele ter perdido a eleição

CATIA SEABRA
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), não descarta a possibilidade de quebrar a tradição e indicar para o cargo de procurador-geral de Justiça do Estado o segundo colocado na eleição realizada pela classe no último sábado.
O mais votado pelos 1.822 promotores e procuradores foi Fernando Grella, ligado a um grupo alinhado ao PMDB, do ex-governador Orestes Quércia, que atualmente negocia com o PT um apoio para o retorno político dele em 2010.
Em segundo lugar, com 262 votos de diferença, ficou José Oswaldo Molineiro, candidato do atual procurador-geral de Justiça, Rodrigo Pinho, e do secretário estadual de Justiça, Luiz Antonio Marrey, três vezes procurador-geral.
Em terceiro ficou Paulo Afonso Garrido de Paula.
Quando questionado sobre a indicação, Serra tem dito a interlocutores que não existe "um" eleito, mas "três", e que pretende se informar melhor sobre o perfil de cada um.
Nas conversas, Serra lembra o caso do ex-governador Mário Covas, que, em 1996, indicou Marrey, apesar de ele ter perdido a eleição por 219 votos.
Segundo a Folha apurou, Marrey é o principal defensor da escolha do segundo colocado. A nomeação de Grella seria a ascensão do grupo inimigo a ele na chefia da instituição.
Se a indicação não ocorrer até o dia 31, assumirá o procurador mais antigo do Conselho Superior do órgão, Pedro Franco de Campos, que, como secretário da Segurança Pública em 1992, foi citado como o responsável pela invasão do Carandiru, o que ele nega.

Clima
Entre os promotores e procuradores, o clima é de expectativa e apreensão.
O grupo ligado a Grella afirma que o grupo de Marrey quer ganhar no "tapetão". Diz que a diferença de votos confirma o anseio da maioria por mudança e que o desrespeito à eleição abriria uma crise interna.
Em carta endereçada a Serra, a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público pediu a indicação de Grella.
Desde a noite de sábado, o grupo ligado a Marrey se articula para tentar reverter a eleição. Diz que a possibilidade de o governador indicar um dos três nomes da lista é uma garantia constitucional.
O grupo vê como pressão o fato de o Conselho Superior do órgão, formado em sua maioria por aliados de Grella, ter adiado ontem formação da lista de indicados à vaga no Superior Tribunal de Justiça. A favorita é Valderez Abbud, mulher do ex-secretário tucano Marco Vinicio Petrelluzzi, ligada a Marrey.


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