São Paulo, quinta-feira, 19 de março de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Todo mundo é diretor

Das 181 diretorias do Senado, há 14 no setor de Telecomunicações. Uma cuida exclusivamente de transferir o acervo para meio digital -é a "diretoria de DVD". Na inchada Secretaria de Recursos Humanos se penduram 20 diretores, um só para "atendimento ao ex-parlamentar". Existe ainda a diretoria de Opinião Pública -algo com que a Casa parece se importar pouco.
Há diretores que chefiam "departamentos" com três funcionários. Em outro exemplo da prodigalidade do ex-diretor-geral Agaciel Maia, todos os consultores de Orçamento são hoje diretores do Senado. Na terça, José Sarney (PMDB-AP) falou em entrega coletiva dos cargos. Ontem, o primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), disse que todo mundo fica até ser concluído o estudo para reforma administrativa.




Pró-forma. O estudo encomendado à FGV não vai abrir a caixa-preta do Senado. Para isso seria necessária auditoria externa na folha de pessoal e de pagamento, mas essa palavra é proibida na Casa.

Faroeste. Em ponto de bala devido à revelação de que cedeu o telefone celular do Senado à filha para uma viagem ao México, Tião Viana (PT-AC) foi contido por colegas de bancada. Segundo eles, Sarney e Renan Calheiros (PMDB-AL) teriam mais munição contra o petista.

Liquidação 1. Às vésperas de efetuar a eliminação de 965 caixas de papéis do Senado, em 29 de janeiro, o Arquivo recebeu alerta da Secretaria de Controle Interno: estavam sendo picotados "documentos comprobatórios, inclusive de natureza sigilosa".

Liquidação 2. A Secretaria de Comunicação diz que a operação foi suspensa. Mas, em 3 de março, data da exoneração de Agaciel, o "Diário Oficial" registrou a queima de arquivo como um fato consumado. Até hoje, nada foi publicado em contrário.

Bolsa-sofá. O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), mentor do projeto Cimento Social, diz que não basta o governo construir 1 milhão de casas: "Tem de ajudar a mobiliar".

Número mágico. A equipe econômica soprou aos senadores da base aliada o tamanho do corte a ser feito no Orçamento: R$ 45 bilhões.

Mediador. No Palácio dos Bandeirantes, espera-se que a ida de Antonio Ferreira Pinto para o lugar de Ronaldo Marzagão ajude a diminuir a tensão entre as polícias Civil e Militar. Ex-oficial da PM, o novo secretário da Segurança tem bom trânsito na Civil.

Sumiu. Ferreira Pinto desagrada a uma parte do tucanato, porque "linha-dura" e "de direita". Mas tem seus defensores no partido: "Ele cuida de 150 mil presos e ninguém lembra que existe cadeia em São Paulo", diz um deles.

Validade. O secretário poderá contar em breve com um novo comandante-geral da PM. O atual, Roberto Antonio Diniz, se aposenta em abril.

Ressaca. Menos de 24 horas depois, há gente no governo achando que não foi boa ideia dar sinal verde a Michel Temer para implementar a mudança pela qual as MPs não trancarão mais a pauta da Câmara. Além de elevar o cacife do PMDB, há o risco de deixar os deputados soltos para votar o que bem entenderem.

Nunca antes. Com 120 páginas lidas ao longo de seis horas, o voto de Marco Aurélio Mello no caso Raposa/Serra do Sol quebrou recorde de duração no Supremo. Os colegas foram ao desespero.

Cadê? Causou espécie a ausência de Ellen Gracie na bancada ontem. As faltas da ministra têm sido frequentes.

Visita à Folha. Carlos Alonso Zaldívar, embaixador da Espanha no Brasil, visitou ontem a Folha. Estava com Manuel Fairén Sanz, cônsul-geral em São Paulo, e Carmen Batres Rodríguez, conselheira de imprensa da embaixada.

Tiroteio

"Finalmente o Congresso conseguirá diminuir os efeitos negativos e a influência do Executivo, que paralisa a pauta de votações."

Do senador GARIBALDI ALVES (PMDB-RN), sobre a decisão do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), de liberar a votação de matérias no plenário mesmo se a pauta estiver bloqueada por MPs.

Contraponto

Herança genética

Durante a recente campanha para se eleger corregedor da Câmara, ACM Neto (DEM-BA) pedia votos a colegas no plenário acompanhado do pai, o senador ACM Júnior (DEM-BA). Ao abordar Clodovil Hernandes (PR-SP), o candidato ouviu elogios, mas também uma reprimenda:
-Você terá meu voto, mas primeiro tire esse bico do rosto!-, disse o deputado e estilista, que morreu anteontem em consequência de um acidente vascular cerebral.
De semblante frequentemente grave, Neto, como é conhecido, sorriu amarelo. Clodovil então apontou para o senador e completou seu conselho:
-Você tem que ser como seu pai. Ele sim é um gato!

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO


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