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Delúbio visita petistas no Congresso e pede para voltar ao partido
Ex-tesoureiro foi expulso da legenda no auge do mensalão, em 2005; decisão depende de votação do diretório nacional
Delúbio, que prepara seu retorno há pelo menos um ano, argumenta que sempre foi leal à sigla e que não
se beneficiou do esquema
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Tesoureiro do PT durante o
escândalo do mensalão, Delúbio Soares pediu para voltar ao
partido. A cúpula simpatiza
com o retorno, que depende de
votação do diretório nacional.
Em carta de três parágrafos
entregue ontem ao presidente
da sigla, deputado Ricardo Berzoini, Delúbio disse que sofreu
uma pena dura e que merece
uma segunda chance. À tarde, o
ex-tesoureiro visitou gabinetes
petistas no Congresso, num
lobby pela sua reabilitação. Não
deu declarações, só sorrisos.
Berzoini prometeu a Delúbio, expulso no auge do escândalo, em 2005, que colocará o
pedido em votação na próxima
reunião do diretório, em maio.
O deputado preferiu não comentar ontem o assunto: "Tenho a obrigação de conduzir esse processo, portanto, não falo
sobre seu mérito".
O mensalão foi revelado pelo
ex-deputado Roberto Jefferson
(PTB-RJ), em entrevista à Folha, em junho de 2005. Na essência, foi um esquema de repasse de recursos do PT, coordenado por Delúbio, para deputados do partido e de legendas aliadas ao governo. O dinheiro era canalizado pelo publicitário Marcos Valério.
Há pelo menos um ano Delúbio vem pavimentando seu retorno ao PT. O ex-tesoureiro
viajou para vários Estados organizando plenárias com a militância, nas quais propagandeava sua lealdade ao partido
que ajudou a fundar e a suposição de que nunca se beneficiou
do esquema. Nas entrelinhas, o
recado era o de que assumiu o
ônus da culpa calado.
Segundo relatos de pessoas
influentes na máquina partidária, a volta de Delúbio tem muita simpatia na legenda. Sua mulher, Mônica Valente, é integrante do diretório, e ele conta
com o apoio do ex-ministro José Dirceu -apontado como
"chefe da quadrilha" do mensalão no inquérito que corre sobre o caso no STF (Supremo
Tribunal Federal), no qual Delúbio também é réu. Todos negam irregularidades.
"Os argumentos dele fazem
sentido. Pretendo avaliar com
calma o pedido", disse o líder
do partido na Câmara, Cândido
Vaccarezza (SP), um dos visitados pelo ex-tesoureiro.
Paulo Ferreira, sucessor de
Delúbio na tesouraria, afirma
que o partido tem de discutir.
"Se o Delúbio formalmente
quer voltar, o PT tem de pautar.
Ele merece que isso seja feito
rapidamente, em nome de 25
anos de sua militância", afirma.
Como tesoureiro, Ferreira
tem como sua maior função
tentar reverter o desastre financeiro do partido causado
pelo esquema de Delúbio. O
rombo permanece em cerca de
R$ 40 milhões.
O ex-tesoureiro mantém
uma sólida base de apoio político no PT, principalmente na ala
Construindo um Novo Brasil,
majoritária na legenda. No entanto, deverá encontrar resistências na chamada "esquerda"
partidária e na ala ligada ao ministro Tarso Genro (Justiça) a Mensagem ao Partido.
(FABIO ZANINI E MARIA CLARA CABRAL)
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