São Paulo, quinta-feira, 19 de março de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Delúbio visita petistas no Congresso e pede para voltar ao partido

Ex-tesoureiro foi expulso da legenda no auge do mensalão, em 2005; decisão depende de votação do diretório nacional

Delúbio, que prepara seu retorno há pelo menos um ano, argumenta que sempre foi leal à sigla e que não se beneficiou do esquema


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Tesoureiro do PT durante o escândalo do mensalão, Delúbio Soares pediu para voltar ao partido. A cúpula simpatiza com o retorno, que depende de votação do diretório nacional.
Em carta de três parágrafos entregue ontem ao presidente da sigla, deputado Ricardo Berzoini, Delúbio disse que sofreu uma pena dura e que merece uma segunda chance. À tarde, o ex-tesoureiro visitou gabinetes petistas no Congresso, num lobby pela sua reabilitação. Não deu declarações, só sorrisos.
Berzoini prometeu a Delúbio, expulso no auge do escândalo, em 2005, que colocará o pedido em votação na próxima reunião do diretório, em maio. O deputado preferiu não comentar ontem o assunto: "Tenho a obrigação de conduzir esse processo, portanto, não falo sobre seu mérito".
O mensalão foi revelado pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), em entrevista à Folha, em junho de 2005. Na essência, foi um esquema de repasse de recursos do PT, coordenado por Delúbio, para deputados do partido e de legendas aliadas ao governo. O dinheiro era canalizado pelo publicitário Marcos Valério.
Há pelo menos um ano Delúbio vem pavimentando seu retorno ao PT. O ex-tesoureiro viajou para vários Estados organizando plenárias com a militância, nas quais propagandeava sua lealdade ao partido que ajudou a fundar e a suposição de que nunca se beneficiou do esquema. Nas entrelinhas, o recado era o de que assumiu o ônus da culpa calado.
Segundo relatos de pessoas influentes na máquina partidária, a volta de Delúbio tem muita simpatia na legenda. Sua mulher, Mônica Valente, é integrante do diretório, e ele conta com o apoio do ex-ministro José Dirceu -apontado como "chefe da quadrilha" do mensalão no inquérito que corre sobre o caso no STF (Supremo Tribunal Federal), no qual Delúbio também é réu. Todos negam irregularidades.
"Os argumentos dele fazem sentido. Pretendo avaliar com calma o pedido", disse o líder do partido na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), um dos visitados pelo ex-tesoureiro.
Paulo Ferreira, sucessor de Delúbio na tesouraria, afirma que o partido tem de discutir. "Se o Delúbio formalmente quer voltar, o PT tem de pautar. Ele merece que isso seja feito rapidamente, em nome de 25 anos de sua militância", afirma.
Como tesoureiro, Ferreira tem como sua maior função tentar reverter o desastre financeiro do partido causado pelo esquema de Delúbio. O rombo permanece em cerca de R$ 40 milhões.
O ex-tesoureiro mantém uma sólida base de apoio político no PT, principalmente na ala Construindo um Novo Brasil, majoritária na legenda. No entanto, deverá encontrar resistências na chamada "esquerda" partidária e na ala ligada ao ministro Tarso Genro (Justiça) a Mensagem ao Partido. (FABIO ZANINI E MARIA CLARA CABRAL)


Texto Anterior: Relator deve pedir que conselho casse deputado do castelo
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.