São Paulo, sexta-feira, 19 de março de 2010

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PSDB barra aprovação de embaixadores em protesto contra Lula

Oposição ataca política externa e suspende a sabatina sobre nomeação de nomes para cargos na Venezuela e no Equador

"Não temos mais nenhum compromisso com essa aprovação simples e rápida de embaixadores", disse o líder tucano Arthur Virgílio


RENAN RAMALHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A oposição está impedindo a votação de novos embaixadores do Brasil como forma de atacar a política externa do governo Lula.
A Comissão de Relações Exteriores, presidida pelo senador tucano Eduardo Azeredo (MG), suspendeu a sabatina para aprovar três novos embaixadores do Brasil no exterior, entre eles os indicados para a Venezuela e o Equador, cujos atuais governos são alvo de críticas de tucanos e democratas.
A indicação do diplomata José Antonio Marcondes Carvalho para a embaixada em Caracas vinha sendo prorrogada desde dezembro. Na semana passada, ele foi à comissão para ser sabatinado, mas o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), pediu vista do processo para "discutir melhor" a relação do Brasil com o vizinho.
Na reunião, os senadores tucanos negaram ter alguma resistência específica contra o nome de Carvalho.
Nos bastidores, porém, o objetivo é criar um embaraço para a política externa brasileira e fazer com que o próprio governo venezuelano perceba que não é bem visto pela oposição no Brasil.

Crítica ao Itamaraty
A estratégia para atacar o governo na política externa foi traçada numa reunião fechada do PSDB na terça. No mesmo dia, em plenário, o líder tucano na Casa, Arthur Virgílio (AM) anunciou uma ruptura com o Itamaraty. "Não temos mais nenhum compromisso com essa aprovação simples e rápida de embaixadores", ameaçou.
Depois criticou, sobretudo, a comparação que Lula fez de dissidentes cubanos com criminosos comuns do Brasil, a aproximação com o regime iraniano, o apoio dado a Manuel Zelaya em Honduras e a recusa do presidente brasileiro em visitar, em Israel, o túmulo de Theodor Herzl, um dos fundadores do sionismo.
Em seguida, foi o próprio Azeredo que anunciou a suspensão das sabatinas na Comissão de Relações Exteriores. Na comissão, já estão prontos para serem aprovados, além de Carvalho, os novos embaixadores no Equador, Fernando Simas Magalhães, e no Reino Unido, Roberto Jaguaribe -esse último, a ser relatado pelo tucano Tasso Jereissati (CE).

Cuba e Bolívia
Ainda neste semestre, virão ao menos mais nove indicações -entre elas as dos novos embaixadores em Cuba, Bolívia, Uruguai e Israel.
Azeredo disse ontem que as sabatinas só serão retomadas após uma conversa com o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), marcada para o dia 6 de abril. Nela, os oposicionistas vão expor a insatisfação com a política externa e o papel secundário do Senado na formulação dessa política.
Pela Constituição, é de competência exclusiva do presidente da República indicar embaixadores e firmar acordos com outros países. Cabe ao Congresso apenas referendá-los.


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