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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/HORA DAS CONCLUSÕES
Presidente criticou comissões do Congresso durante encontro com representantes da OAB
Lula acusa CPIs de extrapolar funções e sugere novas regras
Sérgio Lima/Folha Imagem
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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, com o presidente da OAB, Roberto Busato |
EDUARDO SCOLESE
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em encontro ontem com a direção nacional da OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tratou
de se defender das acusações de
irregularidades no governo federal e, ao mesmo tempo, atacou as
CPIs e o Congresso.
O presidente disse que, em alguns casos, as comissões extrapolaram suas funções e que, por
conta disso, é preciso criar normas para regulá-las.
No início do mês que vem, em
audiência pública, o Conselho Federal da OAB vai colocar em votação a sugestão de impeachment
de Lula. Na prática, avaliará se
existem ou não condições jurídicas para apoiar um eventual pedido de impedimento do petista.
Na conversa com o presidente
da Ordem, Roberto Busato, no
Palácio do Planalto, segundo relato à Folha de participantes do encontro, Lula disse que, ao abrir os
leques de suas investigações, as
CPIs criadas para investigar os
Correios, o esquema do mensalão
e as casas de jogos acabaram não
sendo "justas" com ele.
Ainda de acordo com os relatos,
Lula disse que é preciso criar normas para evitar incidentes entre o
Legislativo e o Judiciário, em referência aos pedidos de investigação das comissões barrados pelo
STF (Supremo Tribunal Federal).
Houve reação no Congresso. "A
verdade é que as CPIs têm trabalhado também. Caso contrário, o
Ministério Público não teria chegado quase às mesmas conclusões
que a CPI dos Correios", disse o
presidente da CPI dos Bingos,
Efraim Morais (PFL-PB).
Para o líder tucano no Senado,
Arthur Virgílio (AM), "parece
que o presidente Lula não quer
que o Congresso exerça uma de
suas funções constitucionais, que
é fiscalizar os atos do Executivo".
No encontro com Busato e outros dois conselheiros da entidade, Lula recebeu um convite para
participar, em novembro, da
abertura de um congresso internacional de advogados. E foi informado também sobre a pauta
da próxima reunião do conselho
da entidade, marcado para 8 de
maio e que analisará a questão de
seu impeachment.
As críticas ao Congresso não se
limitaram à atuação das CPIs.
Ainda diante dos representantes
da OAB, Lula atacou a Câmara e o
Senado pela demora na aprovação do Orçamento.
Lula e OAB também falaram sobre reforma política. Provocado
pela entidade, o presidente se demonstrou simpático à idéia de
formação de uma nova Constituinte exclusiva para discutir o tema. A assessoria da Presidência
não comentou o assunto.
Busato afirmou que, ao tomar
decisões "políticas", a OAB não
estará a serviço de nenhum partido político. "Disse ao presidente,
claramente, que a Ordem dos Advogados do Brasil nunca se serviu
nem se servirá como palanque
político partidário neste momento. Nós vivemos uma grave crise
política, mas temos respeito às
instituições deste país. E, de outro
lado, não nos omitiremos dentro
de nossa missão histórica."
Compadre
Ontem, o advogado Roberto
Teixeira, compadre de Lula, faltou pela segunda vez a um depoimento na CPI dos Bingos. O presidente da comissão, Efraim Morais (PFL-PB), anunciou que poderá acionar a Polícia Federal para forçar Teixeira a depor.
"Vamos tentar fazer contato o
mais rápido possível [com os advogados de Teixeira]. Essa já é a
segunda vez que ele deixa de vir [a
primeira foi no fim do ano passado]", disse. "Caso contrário, a CPI
vai solicitar que a PF o traga."
Sem o depoimento, a CPI preferiu não se reunir para discutir as
convocações do ex-presidente da
Caixa Econômica Federal Jorge
Mattoso e do secretário de Direito
Econômico do Ministério da Justiça, Daniel Goldberg.
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