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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Advogado de Rogério Figueiredo diz que foi "força de expressão" a menção feita por ele de que teria doado "mais de 400 peças" à ex-primeira-dama
Estilista recua sobre número de doações a Lu
DA REDAÇÃO
O estilista Rogério Figueiredo
mudou a versão sobre as peças
que doou à ex-primeira-dama
Maria Lúcia Alckmin. Em depoimento ontem de cerca de três horas ao Ministério Público de São
Paulo, o estilista afirmou, segundo seu advogado, não saber precisar o número de peças que deu à
mulher do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB).
"Não houve uma quantificação.
O Rogério é um criador, um artista, ele não sabe quantificar o número de peças. Nem "cerca de".
Muito menos a regularidade",
afirmou o advogado de Figueiredo, Vinicius Abrão.
Em março, Figueiredo disse à
Folha ter doado "mais de 400 peças" a Lu Alckmin entre 2001 e
2005. Após a publicação das declarações, ele reafirmou ter confeccionado 400 peças para a mulher do atual pré-candidato à Presidência (leia texto ao lado).
Segundo o advogado do estilista, ele disse ontem à Promotoria
da Cidadania de SP -que investiga se Lu cometeu ato de improbidade administrativa- que as
doações de fato ocorreram, mas
"por um período de dois anos",
de "meados de 2001 a meados ou
final de 2003". Figueiredo saiu
sem falar com a imprensa.
Sobre o fato de ter dito que doou
400 peças, o advogado afirmou
que foi "força de expressão". "Foi
usado isso como força de expressão. Porque, pelo que ele pôde esclarecer no depoimento dele, foram peças de prêt-à-porter e peças de alta-costura. E ele não soube quantificar o valor."
A única contrapartida esperada
por Figueiredo, segundo Abrão,
era a divulgação de seu trabalho.
"Ele fez questão de deixar claro
que fez as doações para a primeira-dama e que não tinha nenhum
tipo de relação com o Fundo de
Solidariedade [do Estado, então
comandado por ela]. O que ele
disse no depoimento foi que isso é
muito comum nesse meio."
De acordo com o advogado, Figueiredo mostrou à Promotoria
um fax que recebeu em 2002 da
assessoria de imprensa do Fundo
de Solidariedade, que divulgaria o
uso de suas roupas por Lu em visita ao Vaticano. A nota, disse,
não chegou a ser divulgada.
Abrão afirmou que era Lu quem
encomendava as peças. "Algumas
vezes sim [ela fazia pedidos], outras vezes alguém da assessoria."
49 peças
No último dia 12, a assessoria de
imprensa de Alckmin afirmou
que a ex-primeira-dama recebeu
e doou, a partir de 2004 e de forma
anônima, 49 peças de roupas confeccionadas pelo estilista. As doações foram para favelas de São
Paulo, dois bazares beneficentes e
a entidade Fraternidade Irmã Clara, segundo a assessoria.
No dia 30 de março, quatro dias
após a publicação da entrevista
em que Figueiredo diz que doou
400 peças a Lu, a assessoria da ex-primeira-dama divulgou nota
afirmando que ela ganhou 40 roupas do estilista e doou quase tudo,
com exceção de uma peça, para a
Fraternidade Irmã Clara.
A assessoria do tucano atribuiu
a diferença no número de peças e
na relação dos beneficiados a um
equívoco de Lu quando rememorou as doações que fez.
Figueiredo, por sua vez, reafirmara, após a divulgação da nota,
que não foram 40 nem 50 peças,
mas em torno de 400, entre camisas, vestidos e tailleurs.
Abrão nega que o estilista tenha
mudado a versão ontem. "Não
houve recuo. Houve um depoimento verdadeiro, e ele preferiu
não quantificar porque não sabe o
valor, se são 40, se são 400, e qual o
valor exato disso."
Ainda segundo o advogado, Figueiredo soube das doações de
suas peças a entidades filantrópicas pela imprensa.
(CRISTINA FIBE)
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