São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Advogado de Rogério Figueiredo diz que foi "força de expressão" a menção feita por ele de que teria doado "mais de 400 peças" à ex-primeira-dama

Estilista recua sobre número de doações a Lu

DA REDAÇÃO

O estilista Rogério Figueiredo mudou a versão sobre as peças que doou à ex-primeira-dama Maria Lúcia Alckmin. Em depoimento ontem de cerca de três horas ao Ministério Público de São Paulo, o estilista afirmou, segundo seu advogado, não saber precisar o número de peças que deu à mulher do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB).
"Não houve uma quantificação. O Rogério é um criador, um artista, ele não sabe quantificar o número de peças. Nem "cerca de". Muito menos a regularidade", afirmou o advogado de Figueiredo, Vinicius Abrão.
Em março, Figueiredo disse à Folha ter doado "mais de 400 peças" a Lu Alckmin entre 2001 e 2005. Após a publicação das declarações, ele reafirmou ter confeccionado 400 peças para a mulher do atual pré-candidato à Presidência (leia texto ao lado).
Segundo o advogado do estilista, ele disse ontem à Promotoria da Cidadania de SP -que investiga se Lu cometeu ato de improbidade administrativa- que as doações de fato ocorreram, mas "por um período de dois anos", de "meados de 2001 a meados ou final de 2003". Figueiredo saiu sem falar com a imprensa.
Sobre o fato de ter dito que doou 400 peças, o advogado afirmou que foi "força de expressão". "Foi usado isso como força de expressão. Porque, pelo que ele pôde esclarecer no depoimento dele, foram peças de prêt-à-porter e peças de alta-costura. E ele não soube quantificar o valor."
A única contrapartida esperada por Figueiredo, segundo Abrão, era a divulgação de seu trabalho. "Ele fez questão de deixar claro que fez as doações para a primeira-dama e que não tinha nenhum tipo de relação com o Fundo de Solidariedade [do Estado, então comandado por ela]. O que ele disse no depoimento foi que isso é muito comum nesse meio."
De acordo com o advogado, Figueiredo mostrou à Promotoria um fax que recebeu em 2002 da assessoria de imprensa do Fundo de Solidariedade, que divulgaria o uso de suas roupas por Lu em visita ao Vaticano. A nota, disse, não chegou a ser divulgada.
Abrão afirmou que era Lu quem encomendava as peças. "Algumas vezes sim [ela fazia pedidos], outras vezes alguém da assessoria."

49 peças
No último dia 12, a assessoria de imprensa de Alckmin afirmou que a ex-primeira-dama recebeu e doou, a partir de 2004 e de forma anônima, 49 peças de roupas confeccionadas pelo estilista. As doações foram para favelas de São Paulo, dois bazares beneficentes e a entidade Fraternidade Irmã Clara, segundo a assessoria.
No dia 30 de março, quatro dias após a publicação da entrevista em que Figueiredo diz que doou 400 peças a Lu, a assessoria da ex-primeira-dama divulgou nota afirmando que ela ganhou 40 roupas do estilista e doou quase tudo, com exceção de uma peça, para a Fraternidade Irmã Clara.
A assessoria do tucano atribuiu a diferença no número de peças e na relação dos beneficiados a um equívoco de Lu quando rememorou as doações que fez.
Figueiredo, por sua vez, reafirmara, após a divulgação da nota, que não foram 40 nem 50 peças, mas em torno de 400, entre camisas, vestidos e tailleurs.
Abrão nega que o estilista tenha mudado a versão ontem. "Não houve recuo. Houve um depoimento verdadeiro, e ele preferiu não quantificar porque não sabe o valor, se são 40, se são 400, e qual o valor exato disso."
Ainda segundo o advogado, Figueiredo soube das doações de suas peças a entidades filantrópicas pela imprensa. (CRISTINA FIBE)


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