|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Câmara oferece plano de saúde a jornalistas
Os credenciados para cobrir notícias da Casa e seus familiares podem fazer consultas e exames clínicos sem pagar nada
Só em 2006, profissionais ou seus dependentes fizeram 1.874 consultas sem pagar; grupo estuda pôr fim ao benefício, em vigor desde 92
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Câmara oferece há pelo
menos 15 anos uma espécie de
"plano de saúde" gratuito para
os jornalistas credenciados a
fazer a cobertura noticiosa da
Casa. Eles têm à disposição cerca de 20 das principais especialidades médicas, além de exames clínicos, benesse que é estendida aos seus dependentes e
a pais e mães, caso eles não tenham "economia própria".
Só em 2006, jornalistas ou
seus familiares usufruíram de
1.874 consultas ambulatoriais,
uma média de sete por dia útil.
Levando-se em conta que dificilmente uma consulta particular em Brasília sai por menos de
R$ 100, a conta ficou em ao menos R$ 187 mil no ano passado.
Em dezembro, havia 476 jornalistas, repórteres-fotográficos, cinegrafistas e auxiliares
de órgãos de comunicação privados e públicos credenciados
pela Câmara para fazer a cobertura jornalística da Casa.
A Câmara, alegando razões
de sigilo médico, não divulgou o
nome de nenhum dos atendidos. O levantamento inclui
apenas consultas, e não atendimentos de emergência.
Embora vários não usem ou
tenham conhecimento do privilégio, os credenciados, além
de familiares, têm direito à
mordomia graças ao Ato da
Mesa 44, de 1992, que regulamenta "a prestação de assistência médica e social pelo Departamento Médico da Câmara".
Antes disso, o "plano de saúde"
para os jornalistas já funcionava, mas de maneira informal.
A credencial que a Câmara
distribui à imprensa é usada
para a identificação do profissional e para que ele tenha livre
acesso a locais como o plenário.
Um grupo de trabalho formado para rediscutir os critérios
de credenciamento da imprensa na Câmara deve sugerir o fim
do privilégio. A decisão final depende da Mesa, comandada por
Arlindo Chinaglia (PT-SP).
"Apóio essa medida, tem que
cortar mesmo. Jornalista não
pode ter esse tipo de regalia",
disse o correspondente da rádio Jovem Pan José Maria
Trindade, presidente do chamado "comitê de imprensa" da
Câmara, agremiação dos jornalistas que fazem a cobertura
noticiosa no local.
Trindade está em Brasília
desde 1986 e disse nunca ter
usado o "plano de saúde" nem
conhecer quem o use.
Em quase todos os órgãos públicos importantes de Brasília
-como o Palácio do Planalto, o
Senado, o Supremo Tribunal
Federal e o Banco Central- há
comitês de imprensa.
No caso da Câmara, ele é
composto por um espaço físico,
mesas, cadeiras e armários,
além de computadores conectados à internet e linhas telefônicas. O objetivo é montar uma
infra-estrutura para que os jornalistas consigam repassar às
suas sedes, no menor tempo
possível, os acontecimentos
que surgem ao longo do dia.
Os principais órgãos de comunicação possuem computadores e linhas telefônicas próprios instalados nos comitês.
O atendimento médico gratuito não é a única benesse oferecida pela Câmara a jornalistas ao longo dos anos. Na década passada, era comum a Casa
bancar viagens internacionais
de repórteres para que eles
acompanhassem deputados ou
participassem de eventos.
Além das passagens, a Câmara
pagava uma diária de US$ 200.
Texto Anterior: Reeleição traz problemas, diz Serra Próximo Texto: Oposicionistas protocolam pedido de CPI no Senado Índice
|