São Paulo, quinta-feira, 19 de abril de 2007

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Toda Mídia

Nelson de Sá

O massacre multimídia

msnbc.nbc.com
A primeira imagem do pacote divulgada pela NBC em seu site

"Isso não tinha que acontecer" foi a primeira frase do autor do massacre editada pela NBC, do pacote ou "manifesto multimídia", como a emissora descreveu.
Mas foi a imagem que iniciou o espetáculo. Depois dos primeiros vídeos e textos postados no site de seu canal de notícias, com o agradecimento do FBI pela forma como a NBC tratou a divulgação, a rede abriu a foto do estudante com as armas. Seguiram-se debates sobre "a imagem que parece tirada de filme", no dizer do âncora do canal/site. E amontoaram-se promessas de mais revelações no jornal da NBC, "Nightly News". Mais algum tempo e toda a reportagem do telejornal apareceu on-line, com as fotos, trechos dos vídeos etc.
Entre avisos aos espectadores, cortando palavrões e dizendo saber da controvérsia de estar "transmitindo palavras de um assassino", a rede usou o quanto pôde.
 

A imagem, lançada com celeridade pela NBC, logo seguida por CNN e demais e, no Brasil, por "Jornal Nacional" e demais, demorou para ganhar os sites de jornais, Brasil inclusive. Não é difícil arriscar por quê.
Cho Seung-Hoi fez questão de dirigir, ele próprio, a cobertura de suas motivações e ações, chegou a parar tudo para enviar o seu pacote multimídia à televisão. E foi o terceiro dia de um momento de inflexão para a mídia, a reproduzir, passiva, desde os primeiros tiros.

SEM EXCEÇÃO
Diante da busca flagrante de publicidade pelo assassino, "NYT" e outros, nas primeiras horas, optaram por cobertura fria, sem espetacularização. Depois, com as imagens por todo lado, também cederam.

É DO BRASIL
Em meio à cobertura, um despacho da AP destacou que, segundo levantamento de uma ONG, a lista dos países com mais homicídio por arma tem o Brasil de líder e os EUA num distante terceiro lugar.

economist.com
A SUPERPOTÊNCIA
Em semana marcada pelo avanço da internet como alternativa para a convergência de televisão, rádio, imprensa, a "Economist" adiantou ontem um texto anunciando a Google como "a superpotência emergente da internet" (ilustração acima). Deixou para trás as antes concorrentes diretas Yahoo e Microsoft e acaba de levar a Double-Click por US$ 3,1 bi, o dobro do que gastou com o YouTube, como destacaram nos últimos dias tanto o "Wall Street Journal" como o "Financial Times". A gigante passou a deter o que já se aproxima do monopólio na publicidade on-line, também avançando pelas outras mídias. A Microsoft, em resposta, pediu intervenção do controle de concorrência dos EUA, o que foi recebido com ironia por blogs em todo o mundo.

UMA TRÉGUA
De uma pequena nota no "Washington Post" aos sites do "WSJ" e do "FT", o recuo de Hugo Chávez em relação ao etanol, pelo menos no discurso, foi recebido como uma acomodação com seu "amigo" Lula. Mas também não faltaram avisos de que é temporária -e o conflito, real, prossegue nos bastidores da América do Sul e Central.
O espanhol "El País" e o francês "Le Monde" foram um pouco mais otimistas com o "consenso básico" fechado pelos sul-americanos, que venceram "suas dificuldades e harmonizaram as políticas".

SEM ESPERANÇA
O "WSJ" se somou à revista "Economist" e outros para avisar que vem diminuindo "a esperança" de que o Brasil empreenda reformas para estimular o crescimento da economia. Cita Carlos Lupi e outros ministros contrários.

O DÓLAR FURADO
"NYT" e "FT" destacavam ontem os efeitos do dólar cada vez mais fraco, que permite à China depender menos dos EUA e avançar sobre países como o Brasil. Na Europa, o temor é com a valorização da libra e de outras moedas, diante da derrocada do dólar.

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@ - Nelson de Sá


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