São Paulo, sábado, 19 de abril de 2008

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Grupo de estudantes e docentes pede saída de reitor

Alunos suspenderam paralisação de aulas e marcaram plebiscito para discutir situação

Ulysses Fagundes Neto reitera ter se equivocado ao usar cartão corporativo em viagem e diz que "maior parte dos gastos foi regular"

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Alunos, professores, funcionários e pós-graduandos da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) entregaram ontem uma carta ao reitor Ulysses Fagundes Neto, investigado pelo uso indevido do cartão corporativo, pedindo o afastamento dele do cargo até que a situação seja esclarecida.
A carta foi assinada pelo Conselho de Entidades da Unifesp, formado por representantes eleitos dos grupos.
O pedido foi acompanhado por uma manifestação de cerca de 400 estudantes que, com batuques, apitos e marchinhas de protesto, ocuparam a entrada da universidade das 15h às 18h. Depois disso, foram para um auditório participar de uma tumultuada assembléia.
Em resposta, o reitor emitiu nota em que pede a restauração da confiança depositada nele quando eleito para dirigir a Unifesp. Afirmou que "nenhuma das pretensas denúncias apontou uso irregular de verba pública". Tudo, disse, está exclusivamente ligado ao modo como o recurso foi utilizado.
Na quarta-feira, o reitor disse que se equivocou ao usar o cartão como se fosse uma diária -verba fixa repassada por dias de viagem. "Nunca ficou claro como o cartão deveria ser usado." Em 2006, ele viajou para Alemanha, EUA e China e usou o cartão para gastos pessoais.
Na nota, o reitor afirmou também que pagou do próprio bolso as compras pessoais realizadas por ele. No total, ele devolveu cerca de R$ 85 mil. "Preferi devolver tudo. E já pedi a restituição. Sei que a maior parte dos gastos foi regular", disse.

Tensão
Durante todo o dia, o clima foi tenso em frente à universidade. Observados por cerca de 20 policiais militares, os estudantes se dividiram em dois grupos que trocavam insultos.
De um lado, os alunos de medicina, contrário à manifestação e à saída do reitor. Do outro, os de biomédicas, fonoaudiologia, farmácia e demais cursos, que exigem o afastamento imediato do reitor. Vários professores e funcionários também engrossavam o grupo.
Alguns professores que não concordam com o movimento ficaram dentro dos prédios.
Uma proposta feita pelo reitor de conversar com os representantes dos grupos ontem não foi aceita. Segundo nota da Unifesp, "foi a segunda tentativa de diálogo".
À noite, cerca de 500 alunos se reuniram no auditório da Unifesp. O enfrentamento entre os grupos continuou. Após quatro horas, eles derrubaram a paralisação das aulas e decidiram fazer um plebiscito na sexta sobre a situação do reitor.


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