São Paulo, segunda-feira, 19 de abril de 2010

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Centenário de Tancredo inspira mostra "hi-tech" que começa hoje no Rio

Paula Simas/Divulgação
Da esq. para a dir., Brizola (segundo), Ulysses Guimarães (de camisa de manga longa) e Tancredo (de terno escuro) em ato de campanha das Diretas Já

AUDREY FURLANETO
DA SUCURSAL DO RIO

"Ele tinha o hábito de andar com uma oração de são Francisco de Assis no bolso do paletó. Quando o papel ficava velhinho, ele escrevia de novo."
Aos 75 anos, Tancredo Neves reescreveu a oração pela última vez, lembra Andrea Neves, neta do ex-presidente. Morreu em 1985 com aquele papel que, agora, é um dos elementos de uma exposição sobre o centenário de seu nascimento. A mostra, que abre hoje no Rio, terá mais objetos pessoais de Tancredo, como uma caneta que ganhou de Getúlio Vargas.
O evento deve ser encontro de políticos como Aécio Neves, neto de Tancredo, o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, Sérgio Cabral e José Serra. "A ideia é perceber a força daqueles anos e como a presença de Tancredo foi forte", diz Andrea.
Diferentemente das exposições históricas tradicionais, Tancredo vai ganhar versão "hi-tech" no Museu Histórico Nacional. Desde a escolha do curador -Marcello Dantas, 42, conhecido pelas mostras no Museu da Língua Portuguesa-, a intenção é aproximar Tancredo e a história recente do país de um público que "desconhece a dimensão" do personagem. O mesmo trabalho foi feito no Memorial Tancredo Neves, em São João del Rey, neste ano.
"As novas gerações não sabem que esse homem foi fundamental para a história", diz Dantas. "O grande acervo para contar isso é o audiovisual. Os objetos são engraçados, mas uma história política não se conta só com documentos, mas com imagens em movimento."
O museu será dividido em sete salas, da vida pessoal à repercussão de sua morte. A partir da primeira parte (sobre a vida pessoal), a mostra segue com projeções de vídeos -dois deles inéditos, cedidos pelo cineasta Silvio Tendler, que prepara documentário sobre Tancredo- e outros efeitos tecnológicos.
Há ainda uma sala de espelhos, que são acionados por sensores: quando o espectador se aproxima, exibem vídeos da campanha Diretas Já, em 1984, com a presença de artistas e políticos.
Num dos últimos ambientes, frases do ex-presidente são projetadas numa piscina redonda no chão e refletem numa parede onde está a máscara mortuária de Tancredo.
Na abertura da mostra, há o lançamento de dois livros: "A Política como Razão: As Ideias e o Tempo de Tancredo Neves" e "Tancredo, O Verbo Republicano", ambos de Mauro Santayana, que trabalhava com o ex-presidente revisando seus discursos.


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