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ELEIÇÕES 2004
Governador de MS apresentou petista em reunião de beneficiários
Zeca do PT usa projeto social para divulgar pré-candidato
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Uma reunião com ao menos 400
beneficiários de programas sociais do governo petista de Mato
Grosso do Sul virou anteontem à
noite palanque para discurso do
pré-candidato do PT a prefeito de
Campo Grande, Vander Loubet, e
de outros políticos do partido.
O evento ocorreu numa escola
estadual no bairro Taveirópolis,
em Campo Grande. A Agência
Folha acompanhou. Oficialmente, era para anunciar a unificação
de dois programas sociais: o Segurança Alimentar, que distribui
alimentos, e o Bolsa-Escola.
De 24 de abril a 4 deste mês, foram realizadas mais três reuniões
com outros beneficiários dos programas em bairros. Também
ocorreram discursos de Vander.
A campanha eleitoral só pode
começar no dia 6 de julho, segundo calendário da Justiça Eleitoral.
O governador José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT,
apresentou anteontem Vander,
que é deputado federal, como o
"responsável pelos programas sociais" que atendem, segundo o
governo, 80 mil famílias em MS.
Zeca disse, durante discurso,
concordar que a Justiça fiscalize
os programas sociais em época de
eleição, mas fez ressalva. "Podem
acompanhar, mas não duvidem
das seriedades do Segurança Alimentar e do Bolsa-Escola. Isso
não admito. Ninguém vai botar o
dedo dentro do programa. Quem
manda no programa sou eu."
Ainda em discurso, Zeca anunciou que mais 400 famílias podem
ser beneficiadas com programas
sociais e fez outras promessas.
"Aqui, 1.206 famílias já foram
beneficiadas com moradias. Quero pedir para quem ainda não tem
casas para procurar nossos coordenadores [de programas sociais]", disse o governador.
Ao menos oito políticos petistas, como vereadores, subiram ao
palco. "Vocês sabem como nosso
governo pegou o Estado em 1998.
Não tinha credibilidade, salários
atrasados. Quem fará a transformação somos nós. Não acreditem
nos falsos que já tiveram oportunidade. Só pessoas como Lula, Zeca e nossos vereadores. Vamos cada vez mais consolidar os programas Bolsa-Escola e Segurança
Alimentar", discursou Vander.
O vereador Cabo Almi (PT) foi
encarregado de discursar em nome dos demais colegas. "Fico feliz
em participar de um projeto político do Partido dos Trabalhadores. Estão de parabéns as pessoas
que souberam escolher o nosso
partido", afirmou.
A Agência Folha ouviu dois
membros do Ministério Público e
um integrante do Poder Judiciário sobre o evento. Os três pediram para não ser identificados.
Eles disseram que a reunião pode ser enquadrada no artigo 22 da
Lei Complementar 64/90. O item
prevê inelegibilidade de candidatos se comprovados "uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação".
A lei 9.504/97, que dispõe sobre
eleições, proíbe agentes públicos,
como o governador, de fazer uso
"promocional de distribuição de
bens de caráter social" em benefício de candidatos. A pena é cassação do registro ou diploma -esse
último se o candidato for eleito.
O promotor eleitoral Alexandre
Raslan definiu o que é abuso de
autoridade: "Um funcionário público que usa do cargo para garantir vantagem eleitoral".
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